Mais do que uma agenda climática, a COP30 deve marcar uma mudança estrutural na forma como empresas e instituições financeiras conduzem seus processos. A transição para uma economia verde tem impulsionado soluções inovadoras que unem crédito, tecnologia e impacto socioambiental. O debate agora não se limita a políticas públicas, mas se estende às mesas de negócios, onde sustentabilidade e rentabilidade começam a caminhar lado a lado.
Durante o evento “Rumo à COP30: Soluções financeiras sustentáveis para um futuro verde e inclusivo”, realizado em São Paulo, o Banco do Brasil apresentou propostas concretas que pretendem levar à conferência em Belém. A meta é transformar o sistema financeiro em um agente ativo de descarbonização, com novos modelos de crédito voltados a setores estratégicos como o agronegócio e a bioenergia.
Atualmente, o Banco do Brasil possui uma carteira ativa de R$ 1,3 trilhão, sendo R$ 400 bilhões destinados a projetos sustentáveis. Entre eles estão iniciativas de energia limpa, agricultura de baixo carbono e desenvolvimento da bioeconomia, reforçando o papel das instituições financeiras como catalisadoras de investimentos verdes e como pontes entre o capital e os objetivos climáticos globais.
Solução para a Descarbonização
Outra iniciativa é a Cédula de Produto Rural (CPR) lastreada em Créditos de Descarbonização (CBIOS), instrumento financeiro que combina o tradicional modelo de CPR com os benefícios ambientais dos CBIOs — créditos emitidos por produtores de biocombustíveis certificados, que comprovam a redução de emissões de CO₂ em suas operações.
Desde sua primeira operação, em outubro de 2022, já foram movimentados mais de R$ 729 milhões em CPRs lastreadas em CBIOS, fortalecendo a produção de biocombustíveis e integrando o mercado financeiro às metas de sustentabilidade. A operação antecipa os valores que as usinas receberiam pela venda futura dos créditos, oferecendo liquidez imediata e estimulando a adesão ao RenovaBio, programa que busca ampliar a participação de biocombustíveis na matriz energética nacional e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Tecnologia e rastreabilidade na agenda da sustentabilidade
Além das novas soluções de crédito, o avanço da tecnologia está redesenhando a forma como o mercado identifica e financia projetos sustentáveis.
Em artigo publicado no portal oficial da COP30, Tarciana Medeiros, CEO do Banco do Brasil, destacou o uso de inteligência artificial, ciência de dados e análise geoespacial para mapear propriedades rurais com potencial de preservação ambiental ou risco de desmatamento.
“Como presidente do Banco do Brasil, estou trabalhando para transformar a principal instituição financeira do país em um ator chave para o financiamento de carbono, oferecendo soluções integradas que vão desde a identificação e conexão de projetos sustentáveis até a facilitação da negociação de créditos de carbono”, afirmou. Segundo ela, o banco participa hoje de 31 dos mais de 150 projetos de carbono em andamento no país, com foco em agricultura de baixo carbono.
A executiva também defendeu a unificação global do mercado de carbono, argumentando que a padronização das regras e dos critérios de precificação é essencial para atrair capital e dar previsibilidade às operações financeiras voltadas à sustentabilidade.
O caminho para Belém
Com a COP30 prevista para 2025, em Belém, a agenda de finanças sustentáveis deve ganhar ainda mais destaque. A expectativa é que bancos, empresas e governos apresentem propostas integradas para reduzir emissões e ampliar o financiamento verde, consolidando o Brasil como protagonista na transição energética global.
A combinação de instrumentos financeiros inovadores, tecnologia e governança climática mostra que o caminho para uma economia descarbonizada passa necessariamente pelo setor financeiro — um setor que, até pouco tempo atrás, era visto apenas como observador, mas agora assume o papel de protagonista da transformação sustentável.
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