O mercado financeiro global começou esta terça-feira (14), em ritmo de cautela. Os futuros de Nova York operam em queda e o petróleo Brent recua para a faixa de US$ 61 por barril, refletindo uma combinação de menor risco geopolítico e sinais de desaceleração na demanda global. O movimento tem impacto direto sobre as exportadoras de commodities e pode aliviar parte da pressão inflacionária em diversas economias.
Nos Estados Unidos, a expectativa em torno do discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), marca o compasso do mercado financeiro. Com o evento agendado para as 13h20 no horário de Brasília, investidores estão atentos a possíveis indicações de um corte de 25 pontos-base na próxima reunião do FOMC, prevista para o final do mês. A expectativas sugerem que Powell deve adotar um tom cauteloso, mantendo as expectativas embora sem confirmar cortes diretamente, refletindo a incerteza persistente no cenário econômico norte-americano.
Outro fator que influencia os mercados é o cenário político internacional. Após o tom agressivo do presidente amerciano Donald Trump, que chegou a ameaçar sobretaxar em 100% os produtos chineses, a Casa Branca retomou o diálogo com Pequim. A expectativa é que Trump e o presidente chinês Xi Jinping se encontrem ainda neste mês, o que trouxe um alívio momentâneo aos investidores. Além disso, o impasse orçamentário nos EUA avança sem solução, elevando o risco de paralisação parcial do governo.
Mercado de olho na temporada de resultados nos EUA
A temporada de resultados do terceiro trimestre nos Estados Unidos traz à tona a performance de grandes instituições financeiras como JPMorgan, Wells Fargo e Goldman Sachs. Esses resultados são vistos com expectativa, já que há uma previsão de lucros menores, mas ainda considerados resilientes. O progresso na área de inteligência artificial continua sendo um fator de otimismo, podendo sustentar índices e mitigar temores de uma desaceleração econômica mais pronunciada. Segundo Marco Saravalle, “os resultados positivos dos bancos têm o potencial de proporcionar uma base estável aos índices e minimizar receios de uma desaceleração intensa nos EUA“.
Qual é a situação atual no Brasil?
No Brasil, questões fiscais dominam as manchetes. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende no Senado o projeto de isenção do Imposto de Renda, enquanto o governo tenta compensar a derrota da MP do IOF revisando cortes em emendas. O cenário político-econômico está cada vez mais turbulento, com um aumento no ruído político afetando a estabilidade econômica e fiscal do país, que tem sido o principal fator de oscilação do câmbio e da curva de juros nos últimos dias.
No noticiário corporativo, o dia começou movimentado. O BTG Pactual anunciou a proposta de incorporação total das ações do Banco Pan, consolidando o portfólio de serviços das duas instituições. A transação prevê a entrega de 0,2128 UNIT do BTG para cada ação preferencial do Pan, com um prêmio estimado em cerca de 30%. Para o mercado, o movimento reforça o processo de consolidação do setor financeiro e amplia a presença do BTG no varejo digital.
Outra operação relevante envolve a Guararapes, dona da Riachuelo, que confirmou a contratação do BTG Pactual Investment Banking para assessorar uma possível venda do shopping Midway Mall, em Natal. Caso a transação se concretize, o valor pode chegar a R$1 bilhão. A iniciativa é vista como positiva para reduzir a alavancagem e destravar valor, permitindo maior foco no negócio principal de varejo. Além disso, a Gol anunciou uma reorganização societária que resultará em seu fechamento de capital no Brasil, movimento que marca uma nova fase para a companhia aérea.
Entre as pagadoras de dividendos se destacam as seguintes empresas:
- Comgás – aprovou a distribuição de R$ 700 milhões
- Banco Pine – confirmou o pagamento de R$ 57,3 milhões em juros sobre capital próprio e um aumento de capital para fortalecer sua estrutura financeira.
O que esperar do mercado
De acordo com Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, o pregão de hoje tende a ser de volatilidade e viés de queda. O estrategista destaca que o investidor deve priorizar ativos sólidos e menos alavancados, adotando uma postura mais conservadora no curto prazo. “As opções mais defensivas continuam sendo as melhores alternativas para enfrentar as oscilações do mercado”, afirmou.
Além disso, Saravalle chamou atenção para o calendário de resultados das empresas brasileiras, que ganha força a partir da próxima semana.
Entre os destaques estão:
- WEG em 22/10
- Usiminas em 24/10
- Vale no dia 30/10.
Com tantas variáveis em jogo, o mercado entra em mais uma semana de ajustes e expectativas. A leitura geral é de cautela, mas também de oportunidades seletivas para quem busca proteção e estabilidade em meio ao vaivém das bolsas. O foco, por ora, está em acompanhar os próximos sinais de política monetária e os resultados corporativos, que devem ditar o tom dos mercados nas próximas sessões.