O mercado nesta quinta-feira (25) está atento a uma série de movimentações corporativas, com destaque para a aprovação de etapa crucial no processo de licenciamento ambiental da Petrobras. A análise foi feita por Marco Saravalle, CIO da MSX, que destacou ainda disputas judiciais envolvendo o Assaí e o GPA, além de anúncios relevantes de companhias como Cyrela (CYRE3), Irani (RANI3), Helbor (HBOR3), Três Tentos (TTEN3) e Vittia (VITT3).
Segundo Saravalle, a agenda econômica do dia é mais leve, mas os investidores devem acompanhar indicadores de inflação no Brasil e movimentos corporativos que podem gerar impactos relevantes no curto prazo.
Qual foi o destaque da Petrobras no mercado?
A Petrobras recebeu a aprovação do Ibama para a Avaliação Pré-Operacional (APO) no bloco FZA-M-59, localizado em águas profundas no Amapá. Essa é a última etapa antes da licença ambiental para perfuração exploratória. “A estatal ainda precisará incorporar ajustes no plano de proteção à fauna, mas o movimento sinaliza avanço no processo de exploração em uma nova fronteira, cercada de expectativas e riscos ambientais“, avalia Saravalle.
O próximo passo da Petrobras será buscar informações geológicas e investigar a possível existência de petróleo na região. Para o mercado, a decisão reforça a estratégia da companhia em expandir áreas de exploração, ao mesmo tempo em que permanece a pressão por responsabilidade socioambiental.
Mercado de olho na disputa judicial de Assaí e GPA
Outro destaque do dia foi o anúncio de que o Assaí ajuizou medida cautelar contra o Casino e a Companhia Brasileira de Distribuição (GPA). O pedido envolve a indisponibilidade das ações do GPA detidas pelo Casino ou, alternativamente, a exigência de depósito judicial do valor correspondente a uma eventual alienação. A disputa busca proteger o Assaí de possíveis contingências tributárias, estimadas em R$ 36 milhões.
“Essa movimentação pode gerar volatilidade tanto para as ações do Assaí quanto do GPA no pregão“, destacou. O caso será acompanhado de perto pelo mercado, dado o histórico recente de reestruturações societárias envolvendo os grupos.
Dividendos, recompras e vendas de ativos
Entre outras notícias corporativas, a Cyrela confirmou o pagamento de dividendos em 2 de outubro, referentes à declaração feita em abril, totalizando R$ 391,6 milhões, o equivalente a R$ 1,07 por ação. A medida reforça a disciplina de capital e a atratividade para investidores focados em proventos.
Já a Irani anunciou um novo programa de recompra de ações com prazo de até 18 meses, encerrando em março de 2027. O objetivo é maximizar a geração de valor aos acionistas. “Programas desse tipo sinalizam confiança da administração no valor intrínseco da companhia e tendem a apoiar os preços das ações no curto prazo”, analisou.
A Helbor comunicou a venda de dois terrenos em São Paulo e Mato Grosso do Sul, totalizando R$ 32 milhões. O movimento faz parte da estratégia de gestão de landbank, priorizando regiões consideradas mais estratégicas para os projetos futuros.
Captação no agronegócio e mudanças em governança
A Três Tentos protocolou junto à CVM um pedido de registro para oferta de CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) de até R$ 500 milhões, com vencimentos previstos para 2030 e 2032. A operação deve fortalecer o caixa da companhia e diversificar suas fontes de financiamento, demonstrando confiança do mercado de capitais no setor agrícola.
Enquanto isso, a Vittia informou a renúncia de sua vice-presidente independente do conselho e coordenadora do comitê de sustentabilidade. “A saída chama atenção para a governança da companhia, embora não traga impactos operacionais imediatos“, diz Saravalle.
O que esperar do mercado no dia?
Segundo Saravalle, a agenda macroeconômica desta quinta-feira é relativamente morna, com ausência de grandes eventos globais, mas marcada por indicadores de inflação no Brasil que podem influenciar as expectativas sobre a política monetária. “É um dia em que o investidor deve manter cautela, acompanhando de perto os desdobramentos corporativos e fiscais”, destacou o CIO da MSX.
Além disso, Saravalle reforçou que a volatilidade no mercado permanece associada às incertezas políticas em Brasília e ao cenário internacional, que continua ditando o apetite por risco. Nesse sentido, as companhias listadas seguem no centro da atenção, com suas decisões estratégicas servindo como guia para investidores em busca de oportunidades.
Resumo das principais movimentações corporativas
- Petrobras: aprovação da APO pelo Ibama no bloco FZA-M-59 (Amapá).
- Assaí x GPA: disputa judicial envolvendo ações e contingências tributárias.
- Cyrela: pagamento de dividendos de R$ 391,6 milhões em 2/10.
- Irani: novo programa de recompra de ações com prazo até 2027.
- Helbor: venda de terrenos em SP e MS por R$ 32 milhões.
- Três Tentos: registro na CVM para oferta de CRA de até R$ 500 milhões.
- Vittia: renúncia de vice-presidente independente do conselho.
No balanço geral, o mercado segue ajustando suas expectativas, acompanhando tanto os dados econômicos quanto os movimentos estratégicos das companhias listadas.
