O mercado começa o dia nesta quarta-feira (15), com as bolsas internacionais impulsionadas por resultados financeiros sólidos de grandes bancos dos Estados Unidos. JPMorgan, Goldman Sachs, Citigroup e Wells Fargo revelaram balanços robustos, o que tem contribuído para uma tendência positiva no mercado financeiro. Agora, os investidores aguardam as divulgações de Bank of America e Morgan Stanley, que podem consolidar o sentimento de recuperação no setor financeiro.
Ainda no contexto americano, o Livro Bege do Federal Reserve, que serve como base para decisões sobre taxas de juros, está no foco das atenções nesta quarta-feira, especialmente por sua influência em reuniões próximas. O discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, desta terça-feira (14), não alterou as expectativas de cortes nas taxas de juros ainda este ano. A volatilidade do mercado é acentuada pelas declarações instáveis do governo sobre tarifas comerciais com a China, criando um cenário de incerteza para investidores.
Mercado brasileiro de olho em Brasília
No cenário brasileiro, a economia também enfrenta desafios internos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está buscando medidas compensatórias após a rejeição da Medida Provisória que reestruturaria o IOF. Com isso, surge a proposta de “taxação BBB“, que visa taxar bancos, apostas e grandes fortunas. A meta é compensar uma perda fiscal de até R$ 35 bilhões, gerando discussões acirradas no cenário político e econômico do país.
Além disso, o governo tenta adiar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias e avalia um empréstimo de R$ 20 bilhões para socorrer os Correios, que acumulam prejuízos nos últimos anos. As declarações de Haddad ocorrem em meio a um ambiente de maior cautela entre investidores locais, que seguem atentos à sustentabilidade das contas públicas e à necessidade de ajuste fiscal consistente.
Destaques corporativos desta quarta-feira
No cenário corporativo, a temporada de resultados também ganha força no Brasil. A Hapvida anunciou um programa de recompra de até 20 milhões de ações, sinalizando confiança da administração e fortalecendo o valor de mercado da companhia. De acordo com Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, o momento pede atenção à qualidade das empresas e à estrutura de capital. Ele destacou que a recompra anunciada pela Hapvida é uma sinalização positiva, mas reforça que investidores devem priorizar companhias com caixa líquido e baixo endividamento. “Essas empresas conseguem executar programas de recompra com conforto e tendem a apresentar menor volatilidade e maior potencial de valorização”, afirmou Saravalle.
Já a B3 registrou volume financeiro médio diário de R$ 22,9 bilhões em setembro, queda leve em relação ao mesmo período do ano passado. A Telefônica Brasil aprovou R$ 380 milhões em juros sobre capital próprio, enquanto a Brisanet ampliou sua base de clientes para 1,54 milhão de assinantes, mantendo ritmo de expansão no Nordeste. Saravalle ressaltou que o mercado de capitais brasileiro ainda é considerado pequeno em relação ao potencial do país. “O crescimento no número de investidores mostra resiliência, mas ainda há um longo caminho para ampliar a participação da população no mercado de ações“m destaca. Saravalle observa que a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio deve se intensificar neste fim de ano, já que as companhias buscam antecipar eventuais mudanças tributárias para 2026.
Outros destaques:
- Banco de Brasília (BSLI3) negou as informações de que teria feito negócios “à margem do BC” ao comprar uma carteira de crédito de R$ 1 bi.
- Helbor (HBOR3) divulgou prévia com vendas brutas de R$ 478,8 milhões, queda de 3,1% na comparação anual, e lançamentos de R$ 496,6 milhões.
- Priner (PRNR3) apresentou receita de R$ 394,3 milhões, praticamente estável, mas com potencial melhora de margens e R$ 604,3 milhões em novos contratos no trimestre.
O que esperar do mercado
O foco dos investidores se mantém na divulgação de resultados corporativos do terceiro trimestre e nos indicadores de atividade econômica. No exterior, o Livro Bege do Fed trará pistas importantes sobre o ritmo da economia americana e o tom da política monetária nas próximas reuniões. Internamente, os dados do varejo e a condução da política fiscal devem seguir como principais motores do mercado, enquanto a Petrobras segue no radar com especulações sobre possíveis ajustes de preços de combustíveis.
Em meio a esse cenário, o mercado financeiro segue dividido entre o otimismo com a retomada global e a cautela com as incertezas fiscais domésticas. A combinação de resultados corporativos positivos e avanço das discussões políticas promete manter os investidores atentos, com expectativa de um fechamento de semana marcado por forte volatilidade e ajustes de portfólio.