A quarta-feira (9) começou com um marco histórico em Wall Street. A Nvidia, fabricante norte-americana de chips e hardwares para inteligência artificial, ultrapassou a marca de US$ 4 trilhões em valor de mercado, tornando-se a empresa mais valiosa do planeta, à frente de gigantes como Microsoft e Apple. A notícia movimentou os mercados globais e consolidou um movimento que já vinha sendo observado por analistas: o centro de gravidade da tecnologia e da economia mundial está se deslocando para a infraestrutura de IA.
Segundo o especialista em análise macroeconômica Fabio Fares, esse momento é simbólico: “Pela primeira vez, uma fabricante de semicondutores é o centro do mercado financeiro global. Isso mostra que a economia da próxima década será liderada pela inteligência artificial e a Nvidia se posicionou como a infraestrutura crítica desse novo ciclo.”
Mais que chips: Nvidia é um ecossistema global de inteligência artificial
Longe de ser apenas uma fornecedora de placas gráficas, a Nvidia construiu ao longo dos últimos anos um ecossistema robusto voltado para computação de alto desempenho. Seus produtos e plataformas, que incluem chips, softwares proprietários como o CUDA, bibliotecas de aceleração e soluções em nuvem como a DGX Cloud, tornaram-se padrão da indústria para inteligência artificial generativa.
Essa combinação entre hardware e software, somada à demanda explosiva após o lançamento do ChatGPT, permitiu que a empresa dobrasse de valor em menos de dois anos.
“A valorização da empresa não é fruto de hype, mas de domínio técnico e comercial”, afirma Fares. “Ela é, ao mesmo tempo, a fornecedora e a moldadora do mercado. É como se, na corrida do ouro da inteligência artificial, ela tivesse construído não só as pás, mas a mina inteira.”
Nvidia: Riscos no curto prazo, mas espaço para crescer no longo
Apesar do entusiasmo do mercado, Fares alerta que o momento atual exige atenção a possíveis desafios no horizonte de curto prazo. Entre eles, estão os riscos geopolíticos (com restrições dos EUA à exportação de chips para a China), gargalos energéticos em data centers e o surgimento de concorrência direta das Big Techs, como Google, Amazon e Microsoft, que já desenvolvem seus próprios processadores.
“É natural que, após uma escalada tão rápida, o mercado busque testar os limites desse valuation. Mas estruturalmente, a tese da Nvidia ainda tem muito espaço para crescer”, diz.
A diversificação da empresa em frentes como robótica, veículos autônomos, automação industrial e cloud computing também reforça sua resiliência. “Ela está posicionada em múltiplos mercados trilionários com vantagem competitiva concreta. É um caso raro de empresa que gera valor de forma transversal, em todos os elos da cadeia de IA”, completa o analista.
Investidores de Nvidia devem ajustar expectativas e manter atenção
Com o avanço da Nvidia, analistas sugerem que os investidores avaliem a exposição a ativos relacionados à cadeia de inteligência artificial, mas sem perder de vista os fundamentos. “A euforia pode diminuir, mas o fluxo estrutural de capital para esse setor continuará forte”, projeta Fares.
Ele também ressalta que, embora a Nvidia seja um ativo de alta tecnologia, sua valorização começa a atrair investidores institucionais tradicionais, que buscam proteção contra riscos de médio prazo por meio de ativos com presença global, contratos robustos e exposição à inovação.
O feito da Nvidia sinaliza uma mudança de era no mercado financeiro e tecnológico global. Se antes o protagonismo estava com empresas de software, redes sociais ou varejo digital, agora é a vez dos fabricantes de infraestrutura física e lógica da inteligência artificial.
“O mercado deu um recado claro: o futuro da economia mundial será definido por quem domina a capacidade de processamento. E, por enquanto, a Nvidia está vários passos à frente”, conclui Fares.