A economia brasileira segue em um momento de transição, com o mercado de trabalho aquecido, um crescimento moderado do PIB e uma política monetária restritiva. A taxa de desemprego, que atingiu seu menor nível desde a série histórica do IBGE, caiu para 6,2% em maio de 2025. Apesar de sinais de recuperação, o cenário inflacionário persiste, especialmente no setor de serviços, exigindo um esforço contínuo do Banco Central (BC) para controlar a inflação e garantir a estabilidade econômica.
Desemprego em queda, mas desafios persistem para a economia
Com a queda contínua da taxa de desemprego, o Brasil vive um cenário atípico de recuperação do mercado de trabalho. A taxa de desemprego de 6,2%, registrada em maio, é a mais baixa desde 2012, mostrando que o país está longe de um cenário recessivo. Porém, a aceleração do mercado de trabalho, embora positiva, tem gerado pressões inflacionárias, especialmente no segmento de serviços. A inflação de serviços, uma das maiores componentes do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ainda segue elevada, o que tem forçado o BC a manter a taxa de juros em 15%.
O comentário da MB Associados destaca que: “Com a queda da taxa de desemprego novamente em maio, agora para 6,2%, fica-se com a impressão de que a economia segue acelerada, em ritmo acima do que se precisaria para desacelerar a inflação.“
A política monetária restritiva, com a Selic em 15%, reflete a tentativa de desacelerar a economia de forma controlada. No entanto, o aumento dos juros não deve ser suficiente para levar a economia brasileira a um cenário recessivo em 2025, com o PIB projetado para crescer 2,2%. A expectativa é que o crescimento moderado persista, mantendo um cenário de inflação controlada, mas ainda com desafios fiscais no horizonte.
Projeções para o futuro da economia
O cenário de 2025 é marcado por um crescimento moderado do PIB, com a projeção de um crescimento de 2,2%, abaixo da expectativa inicial, mas ainda assim positivo. Para 2026, as estimativas indicam uma desaceleração do crescimento, que pode ficar entre 1,5% e 2%, enquanto o mercado de trabalho se ajusta à nova realidade econômica. A expectativa é que o índice de miséria, que soma a taxa de desemprego e a inflação, se mantenha baixo até 2026.
O comentário de MB Associados afirma: “O PIB deste ano deve crescer 2,2%, mas ano que vem deve ficar entre 1,5% e 2%, mantendo cenário moderado para o mercado de trabalho.”
No entanto, os desafios fiscais do país não podem ser ignorados. A deterioração fiscal dos últimos anos, especialmente em 2023 e 2024, tem pressionado a política monetária, elevando o piso estrutural dos juros e aumentando a taxa neutra de juros no Brasil. Para os próximos anos, será necessário um ajuste fiscal mais robusto para evitar que a taxa neutra de juros suba ainda mais, o que poderia gerar um cenário econômico mais difícil.
Desafio da taxa de juros neutra para a economia
A taxa de juros neutra, que indica o nível de juros necessário para estabilizar a inflação sem aquecer demais a economia, tem subido no Brasil. De acordo com projeções, a taxa neutra de juros foi estimada em 5,4% em maio de 2025, refletindo a piora no cenário fiscal do país. “A média dos dois indicadores mostra uma taxa neutra de 5,4% na última leitura de maio, com leve aceleração do final do ano passado para cá, quando estava em 5%.”
Embora a Selic permaneça acima da taxa neutra, o efeito da alta dos juros ainda não foi totalmente sentido no mercado de trabalho e no crescimento econômico.
As projeções indicam que a economia continuará crescendo no curto prazo, impulsionada por fatores como a recuperação do setor agropecuário e as políticas fiscais do governo. No entanto, a elevação contínua da taxa neutra exige uma mudança estrutural nas políticas fiscais do país para garantir a estabilidade no futuro. O impacto do ajuste fiscal será decisivo para a trajetória dos juros e da economia nos próximos anos.
Economia brasileira: expectativas fiscais e juros
O Brasil enfrenta um dilema fiscal crescente, com a necessidade de ajustes para reduzir a taxa neutra de juros. O aumento da taxa neutra nos últimos anos está diretamente relacionado ao aumento do risco percebido no Brasil, particularmente devido à deterioração fiscal observada após 2019.
O comentário de MB Associados aponta: “A deterioração fiscal do Brasil nos últimos anos tem pressionado a política monetária, elevando o piso estrutural dos juros.”
A trajetória fiscal, que se deteriorou nos últimos anos, exige um esforço consistente do governo para controlar a dívida pública e as expectativas inflacionárias. Caso o governo não consiga reverter essa tendência, a taxa neutra de juros pode continuar subindo, o que aumentaria a pressão sobre a economia e comprometeria o crescimento sustentável.
As projeções indicam que a taxa neutra poderia cair para 1,9% até 2027, mas para isso, uma mudança fiscal substancial será necessária. Caso contrário, a expectativa é de uma taxa neutra em 5,4% para 2025, refletindo a dificuldade do governo em controlar os gastos públicos e a expansão da dívida.
Perspectivas para a economia do Brasil
O Brasil vive um momento desafiador, com uma economia que, embora em crescimento moderado, enfrenta pressões inflacionárias e fiscais consideráveis. O mercado de trabalho aquecido, a taxa de desemprego em queda e a inflação de serviços são apenas algumas das variáveis que exigem uma gestão fiscal e monetária mais rigorosa nos próximos anos. O Banco Central terá de manter uma postura vigilante, com uma política monetária restritiva, enquanto o governo precisará adotar medidas fiscais que garantam a estabilidade econômica a longo prazo. O cenário fiscal será determinante para a sustentabilidade do crescimento nos próximos anos.