A montadora chinesa BYD alcançou um novo marco no setor automotivo ao ultrapassar os US$ 100 bilhões em receitas no ano de 2024, superando a americana Tesla. O faturamento da empresa sediada em Shenzhen somou 777,1 bilhões de yuans, o equivalente a cerca de US$ 107,2 bilhões ou R$ 613,5 bilhões, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (24).
Com esse resultado, a BYD deixou para trás os US$ 97,7 bilhões (cerca de R$ 559,1 bilhões) registrados pela Tesla, fortalecendo sua posição como protagonista da eletrificação automotiva. A fabricante, que nos últimos anos consolidou sua liderança na China agora avança de forma agressiva em sua expansão internacional, mirando Europa, América Latina e outros mercados emergentes.
A superação da Tesla em receita representa não apenas uma virada simbólica no setor automotivo, mas também sinaliza o aumento da competitividade entre empresas ocidentais e chinesas na corrida por mercados estratégicos de mobilidade limpa. A disputa promete se intensificar, com ambas as companhias investindo em novas tecnologias, fábricas globais e estratégias de precificação agressiva.
Tesla vs BYD: uma comparação possível?
Para o analista Vitor Mafra, da Doxos Capital, a BYD e a Tesla operam com modelos de negócios distintos, o que dificulta uma comparação direta entre as duas. Enquanto a BYD é fortemente focada na montagem de veículos — com ênfase em híbridos e elétricos — e tem se beneficiado de incentivos estatais chineses para crescer e se expandir globalmente, a Tesla aposta em um ecossistema tecnológico mais amplo, que inclui robótica, inteligência artificial, seguro veicular próprio e soluções de mobilidade autônoma.
“A BYD oferece um produto mais competitivo em termos de custo, o que lhe dá vantagem em market share, especialmente diante da retração das montadoras tradicionais europeias. Mas a Tesla não é apenas uma montadora — é uma empresa de tecnologia, o que a posiciona em outros segmentos com potencial de escala ainda maior”, afirma Mafra.
Vitor Mafra também destaca que a BYD tem se consolidado como uma potência na produção de baterias, o que lhe garante maior controle da cadeia produtiva e eficiência de custos — um diferencial importante em um mercado altamente competitivo. “A possibilidade de carregamento ultrarrápido em cinco minutos, que a BYD vem explorando, pode representar uma disrupção relevante no setor. Se isso for escalável e energeticamente viável, ela pode acelerar ainda mais sua vantagem frente às concorrentes”, observa o analista.
No entanto, Mafra ressalta que, apesar do avanço tecnológico da BYD, a Tesla ainda mantém uma posição estratégica no mercado global pela capacidade de criar novas fontes de receita e expandir seu ecossistema digital, algo que a BYD ainda está começando a desenvolver.
