Apesar das tensões geopolíticas entre o Irã e Israel, o mercado no Brasil tem demonstrado resiliência, conforme especialistas, que apontam que o impacto econômico do conflito ainda é limitado. A situação no Oriente Médio, embora preocupante, não afetou drasticamente a economia doméstica até o momento, com a maioria dos analistas acreditando que a situação será controlada em breve.
Impactos pontuais no Brasil no mercado de petróleo e moeda
De acordo com André Matos, CEO da MA7 Negócios, o mercado financeiro não reagiu negativamente ao conflito porque, primeiro, o dólar está se desvalorizando globalmente. “Isso acaba ajudando a moeda brasileira, que se beneficia do enfraquecimento do dólar“, afirmou Matos. Ele acredita que o Irã está demonstrando fraqueza, principalmente em áreas onde se considerava ter maior poder de fogo, o que pode levar à diminuição das tensões. “Acredito que estamos muito próximos de uma negociação para encerrar o conflito por hora“, completou.
Além disso, o impacto sobre o preço do petróleo, embora tenha mostrado uma alta inicial, também parece estar se estabilizando, conforme o CEO da Multiplike, Volnei Eyng. Segundo ele, “o conflito não comprometeu o fluxo global de petróleo“, já que o Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% da oferta mundial, continua operando normalmente. “Se a situação não evoluir para uma interrupção nesse fluxo, os efeitos econômicos devem ser limitados a curto prazo“, disse Eyng. No entanto, ele alerta que um choque prolongado de energia pode pressionar a inflação e aumentar os custos logísticos, afetando a percepção de risco dos mercados.
Cenário mais arriscado no médio prazo para o Brasil
Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, compartilha da mesma linha de raciocínio e afirma que, apesar do aumento do risco geopolítico, o impacto imediato no mercado de petróleo tem sido relativamente controlado. “O receio é que, se o conflito se intensificar, os preços dos combustíveis possam subir ainda mais, pressionando a inflação global e os custos internos no Brasil“, afirmou. Ele destaca que, caso os preços de energia subam, setores como transporte e distribuição de energia poderão enfrentar custos logísticos mais altos e margens reduzidas, o que exigirá ajustes rápidos no mercado.
Essa preocupação com o impacto no mercado de energia e na inflação também foi mencionada por Pedro Ros, CEO da Referência Capital, que apontou que, para o Brasil, um aumento nos combustíveis pode resultar em maiores custos de capital. “Qualquer mudança na curva de juros afetaria diretamente o mercado imobiliário e consórcios, com impacto no planejamento financeiro de quem investe nesses setores“, destacou Ros.
Resiliência do mercado do Brasil e desafios à frente
Theo Braga, CEO da SME The New Economy, também falou sobre a resiliência do Brasil frente ao impacto do conflito. “O fluxo de ativos de risco ainda é positivo, e a percepção é de que o impacto econômico do conflito é limitado, pelo menos por enquanto“, afirmou. No entanto, ele adverte que, a médio prazo, pressões nos preços de energia podem afetar as margens das empresas e reduzir o consumo.
Brasil em foco: expectativa para o futuro e as medidas a serem observadas
Em resumo, os analistas acreditam que, embora o conflito entre Irã e Israel tenha aumentado a tensão geopolítica e influenciado a volatilidade nos mercados, o mercado brasileiro ainda demonstra resiliência e tem capacidade de se adaptar. No entanto, os riscos no médio prazo, especialmente no que diz respeito ao preço do petróleo e à pressão sobre os preços de energia, podem exigir uma atenção maior por parte dos formuladores de políticas econômicas e de investimentos.
A adaptação do Brasil a esses desafios dependerá de uma série de fatores, incluindo as decisões do Banco Central sobre juros e a gestão da inflação, principalmente em um cenário global de insegurança e volatilidade.