Não há como negar a importância de termos aparelhos domésticos que sejam economicamente eficientes. Embora sejam fatores que poucos de nós pensamos quando compramos, por exemplo, uma nova geladeira, a realidade é que a forma como esses aparelhos consomem energia pode ter um impacto real e significativo tanto em nossas contas de energia quanto no meio ambiente.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, existe uma necessidade enorme de criar regras mais rígidas de eficiência energética para os refrigeradores e congeladores vendidos no país. A medida alarmou a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), pois de acordo com eles, isso resultaria na saída de geladeiras mais baratas do mercado e consequentemente, um aumento no preço dos refrigeradores.
Qual a nova Regulamentação dos eletros?

A proposta do Ministério de Minas e Energia consiste em duas etapas. Primeiro, a partir do final de dezembro deste ano, apenas refrigeradores com um índice máximo de 85,5% do consumo padrão de energia poderiam ser fabricados e importados. Eles ainda são autorizados a vender produtos já produzidos e importados até o final de 2024. No final de 2025, os varejistas e atacadistas não poderão vender modelos que ultrapassam esse limite de eficiência energética.
O que muda para as geladeiras?
Na melhor das hipóteses, essas novas regras oferecem uma perspectiva emocionante para o futuro da eficiência energética no Brasil. O Ministério afirma que essas mudanças permitirão uma redução na emissão de 5,7 milhões de toneladas de gás carbônico até 2030 e que a partir de 2028, os produtos disponíveis nas lojas serão, em média, 17% mais eficientes do que aqueles que são ofertados pelo mercado hoje.
Por outro lado, isso poderá afetar drasticamente a acessibilidade de muitos consumidores à esses produtos. Jorge Nascimento, presidente-executivo da Eletros, acredita que essa mudança elitiza o setor e exclui do mercado geladeiras mais baratas e acessíveis para a população com renda menor.
Existem alternativas para o problema?
Talvez a resposta esteja no meio termo. Priscila Arruda, pesquisadora do programa de energia do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), defende que a eficiência energética de geladeiras mais baratas seja elevada, mas sem aumento no preço. Argumentando que o preço do produto está mais relacionado à capacidade de armazenamento do eletrodoméstico do que à eficiência.
Essa é uma discussão importante que precisa ser tida. O acesso à eletrodomésticos eficientes deve ser um direito de todos, não um luxo para poucos. E enquanto ainda há muito a ser debatido e muitas áreas cinzentas a serem exploradas, o fato é que estamos em um caminho contínuo para criar um futuro energeticamente eficiente para todos.