
Nesta sexta (20), a sócia e analista da GTI, Paola Mello, participou da programação da BM&C News em que avaliou a situação dos papéis da Americanas (AMER3) e da Ambev (ABEV3), companhia que não tinha nada a ver com a história, mas acabou se envolvendo com a situação. Isso porque, desde que a crise na Americanas começou, as ações da Ambev caíram 7,6% entre o dia 11 e a segunda-feira (16), pregão em que os papéis desvalorizaram 4,9%.
A situação demonstra uma desconfiança do mercado não com a Ambev, mas com seu controlador, Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil, que além de ser dono da marca de bebidas líder mundial no mercado, também é o principal acionistas do grupo controlador da Americanas. Dentro desse cenário surgiu uma das maiores preocupações do mercado: a possibilidade de que a crise nas Americanas acabe respingando na fabricante de bebidas, a Ambev, não por uma relação direta entre os negócios das duas empresas, mas por um sentimento de desconfiança com a 3G Capital.
Sobre esse desenrolar, digno de enredo novelesco, Paola comenta que toda a situação impacta a Ambev justamente por que a credibilidade do grupo atravessa todas as suas companhias.
“Eu acho que agora vai ser fundamental ver se o 3G Capital vai capitalizar a Americanas. Porque se a gente pensar friamente, esses caras não moem dinheiro né? Não é à toa que estamos falando dos homens mais ricos do Brasil. Se eu fosse pensar racionalmente ou se eu assessorasse o grupo e me perguntasse se eu acho que tem que por dinheiro na Americana, a minha resposta seria não, porque eu acho que essa empresa é insolúvel com esse tamanho de dívida“, explica a analista.
“A gente pode ou optar por um caminho de morte lenta ou morte rápida e aí é melhor sempre morte rápida se você achar que o final vai ser mesmo. Pelo menos assim você poupa dinheiro no meio do caminho”, continua Mello.
Paolla explica que como o grupo é controlador das duas companhias, ela acredita que o 3G Capital não vai deixar a Americanas afundar sem fazer nada, uma vez que se eles deixarem os credores ficarem com uma perda de 100%, o grupo pode perder ainda mais a sua credibilidade no mercado.
“O 3G Capital vai precisar por algum dinheiro na Americana, de outros negócios, e a Ambev é um deles, justamente para preservar a credibilidade do grupo e para que os bancos não esfolem a Ambev em retribuição, retaliação que pode vir a acontecer com a Americanas”. Então essa é mais ou menos a minha visão do que que pode acontecer nesse momento“, finaliza a especialista.