A Americanas (AMER3) informou ao mercado na noite da última quarta-feira (11) que a área contábil da empresa achou inconsistências em lançamentos que chegam a R$ 20 bilhões na data-base de 30 de setembro de 2022.
A notícia caiu como uma bomba no mercado e depois de permanecer a manhã toda – e o início da tarde – em leilão, os papéis da companhia começaram os negócios por volta das 14h desabando 76,75%, aos R$ 2,85. No fechamento de ontem o papel estava cotado a R$ 12.
Mas nem todos perdem com a forte queda. Investidores com posições vendidas (conhecidas como short) devem ter ganhos significativos com a derrocada das ações da varejista.
Um levantamento da Comdinheiro obtido pela BM&C mostrou os fundos com maiores posições vendidas nas ações da Americanas em dezembro de 2022 – lembrando que muitos fundos ainda não reportaram sua posição, já que pode haver um delay de até três meses para a divulgação da carteira do fundo.
A ordem dos fundos no levantamento levou em consideração o valor total da posição vendida no final do mês de dezembro. Com base neste critério, o fundo Apex Infinity Master Long Biased lidera com R$ 3,85 milhões “shorteados” no papel – o que representa 1,44% do total da carteira naquela data, que era de R$ 213,649 milhões.
Em segundo lugar aparece o BTG Pactual Absoluto LS Master, com posição vendida em Americanas de R$ 2,675 milhões, equivalente a 1,58% do patrimônio líquido de R$ 169 milhões.
Em terceiro na lista está o Safra Maxwell Macro Master, com posição short de R$ 1,52 milhão, equivalente a 0,48% do patrimônio líquido de R$ 315,4 milhões.
Lembrando que todos os fundos da lista são apontados como “Master”. Isso quer dizer que este é o fundo que realiza as aplicações diretas nos ativos e é utilizado como veículo para diversos outros fundos das respectivas gestoras.
Sergio Rial pede demissão e faz teleconferência
Sergio Rial, que havia assumido como CEO da Americanas no começo deste ano, pediu demissão do cargo na noite de ontem, junto com o CFO André Covre.
Em teleconferência realizada na manhã desta quinta-feira (12), Rial disse que os problemas contábeis divulgados são questões antigas, que se arrastam a quase uma década (entre 7 a 9 anos) e que essas incongruências na maneira de reportar a chamada “conta fornecedores” não é um problema da Americanas, mas sim que se arrasta desde os anos 90 no setor.
“Os R$ 20 bilhões são a nossa melhor estimativa dentro do que tivemos de informação nesses nove dias [em que ele esteve no cargo]”, disse o executivo.
Segundo ele, muitos pagamentos a fornecedores que eram financiados por bancos não eram considerados como dívida. “É um tema que permanece desde a década de 1990, um problema de estruturação de risco sacado que não era reportado como dívida”, disse Rial em conferência com o mercado.