
O mercado financeiro começou agosto sob novas pressões fiscais, com o Ibovespa mostrando grande oscilação nesta semana mesmo com a valorização das ações de algumas empresas como, por exemplo, a Petrobras (PETR3;PETR4) que na última quinta-feira teve alta de 9,59%, a R$ 29,25, e mesmo assim, a bolsa fechou em queda.
Uma das razões para essa variação são as preocupações que permanecem sobre os riscos fiscais após o Senado aprovar a reabertura do Refis, um programa de parcelamento de débitos tributários. O texto prevê perdão de até 90% em multas e juros, e de 100% nos encargos para dívidas contraídas até um mês antes da aprovação da medida. Além disso, o saldo poderá ser parcelado em até 12 anos, com parcelas reduzidas nos três primeiros anos.
Fora isso, o aumento da parcela do Bolsa Família também gera uma preocupação. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo estuda dar um aumento de até 100% ao benefício, o que elevaria o valor para cerca de R$ 400. No entanto, a equipe econômica diz que não há margem no orçamento para que isso ocorra.
Leia mais:
- ‘Devo, não nego; pagarei assim que puder’, diz Guedes sobre precatórios
- Guedes sobre gastos inesperados: “há fumaça no ar”
A PEC dos precatórios, que parcela o pagamento de decisões judiciais perdidas pela União, também deixa em atenção os riscos fiscais após o ministro da Economia, Paulo Guedes, negar que a PEC seja um calote. “Devo, não nego; pagarei assim que puder”, afirmou o ministro. As palavras, em vez de acalmar investidores, ampliaram os temores.
O vale-gás junta-se a esses motivos com Bolsonaro afirmando que a Petrobras tem uma reserva de R$ 3 bilhões para custear o vale-gás à população carente. A estatal informou que “não há definição” quanto à implementação e o montante de participação em eventuais programas.
Para Alvaro Bandeira, economista-chefe do Modalmais, em entrevista à BM&C News, os precatórios devem ser pagos, caso contrário, o governo só estaria adiando um problema com a tentativa de parcelar os precatórios. “Melhor seria, talvez, emitir moeda, pagar logo os precatórios, zerar a mesa e seguir adiante”, disse ele.
Alvaro disse, ainda, que o Brasil precisa de planejamento, pois tudo que estamos vendo hoje parece que foi feito de última hora.
“A gente precisa de planejamento, a gente precisa estar ligado no que vai acontecer quando os governos dos países desenvolvidos começarem a reduzir estímulos fiscais e bancos centrais a reduzirem estímulos monetários”, afirmou Alvaro.
Alvaro concluiu dizendo que o país precisa de planejamento de curto, médio e longo prazo.
Confira a entrevista na íntegra: