O ano de 2025 foi positivo para a Bolsa brasileira e marcou uma virada relevante na percepção dos investidores. O Ibovespa acumulou alta de 34%, o melhor desempenho anual desde 2016, quando o índice avançou 38%, em um movimento que combinou melhora das expectativas para juros, maior apetite por risco e seletividade na escolha dos ativos.
Ao longo do ano, o principal índice da B3 também atingiu recordes importantes, como uma sequência de 15 pregões consecutivos de alta e a renovação da máxima histórica aos 165 mil pontos.
Apesar do desempenho expressivo do índice, o movimento não foi homogêneo. 2025 foi um ano de forte seleção, no qual o mercado premiou companhias com geração de caixa, previsibilidade de resultados e execução consistente, enquanto penalizou empresas mais alavancadas ou com desafios operacionais.
A Cogna (COGN3) se destacou como a maior alta entre as empresas do Ibov. O grupo educacional viu suas ações subirem 238% em 2025, num desempenho que reflete o avanço do processo de turnaround da companhia, com redução de endividamento, melhora operacional e recuperação gradual da rentabilidade após anos de destruição de valor. O movimento do papel também ilustra a mudança de percepção do mercado em relação a empresas que conseguiram ajustar estrutura de capital e apresentar maior previsibilidade de resultados.
Construção civil domina TOP 10
O setor de construção civil foi o grande destaque positivo do ano. A Cury (CURY3) avançou 112%, a Cyrela (CYRE3) subiu 99% e a Direcional (DIRR3) acumulou alta de 94%. O desempenho reflete a combinação de demanda aquecida por habitação, especialmente no segmento de baixa renda, disciplina financeira e execução operacional consistente.
A exposição ao programa Minha Casa, Minha Vida, aliada à previsibilidade de receitas e margens mais protegidas, tornou o setor um dos principais beneficiados da melhora gradual das expectativas para juros ao longo de 2025. “As maiores altas do ano foram impulsionadas pela melhora das expectativas para juros e atividade econômica, favorecendo ações mais ligadas ao mercado doméstico. A construção civil e o consumo se destacaram pela alta sensibilidade ao crédito e por avanços estruturais em suas operações”, afirma Acilio Marinello, fundador da Essentia Consulting.
Energia e reprecificação de ativos ganham espaço
O setor de energia também teve papel relevante entre as maiores altas do índice. A Eneva (ENEV3) subiu 91%, sustentada por contratos de longo prazo e por seu portfólio térmico estratégico, enquanto a CPFL Energia (CPFE3) avançou 82%, refletindo a busca por previsibilidade de caixa e perfil defensivo.
Já a Axia (AXIA3 e AXIA6), antiga Eletrobras, acumulou altas de 104% e 90%, respectivamente. O movimento reflete a reprecificação dos ativos após a privatização, os avanços em governança e a reorganização societária, além da melhora da percepção de eficiência operacional.
Bancos privados acompanham recuperação
No setor financeiro, o destaque ficou para o BTG Pactual (BPAC11), que avançou 99% em 2025. O banco se beneficiou de margens financeiras robustas, controle da inadimplência e forte geração de caixa, além do crescimento em áreas como investment banking, gestão de recursos e wealth management. Bradesco, com alta de 75%, e Itaú, que subiu 64%, ficaram de fora do top 10

mas também apresentaram resultados significativos. “O setor bancário também teve desempenho relevante. A combinação de margens financeiras robustas, controle da inadimplência e forte geração de caixa levou a uma recuperação dos preços das ações”, analisa Marinello.
Raízen e Hapvida têm as maiores quedas
Na outra ponta do ranking, o mercado foi mais rigoroso com empresas alavancadas. A Raízen (RAIZ4) liderou as perdas do Ibovespa, com queda de 62%, pressionada por endividamento elevado e compressão de margens. A Hapvida (HAPV3) recuou 55%, refletindo o impacto da inflação médica, desafios de integração e frustração com resultados.
A Natura (NATU3) caiu 41%, em meio a um processo de reestruturação e dificuldades na recuperação de margens. A Cosan (CSAN3) perdeu 34%, influenciada pela exposição à Raízen e preocupações com alavancagem.
Também figuraram entre as maiores baixas a Braskem (BRKM5), com queda de 31%, em meio a incertezas societárias e um ciclo petroquímico desfavorável; a Vamos (VAMO3), que recuou 28%, penalizada pela sensibilidade a juros; e a Brava Energia (BRAV3), com baixa de 27%, em um cenário de volatilidade do petróleo e desafios operacionais.
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