A abertura da última reunião ministerial de 2025, realizada na Granja do Torto, deixou um recado claro: o governo Lula já entrou oficialmente em modo eleitoral. O discurso foi menos sobre balanço administrativo e mais sobre o futuro político do país, com 2026 ocupando o centro da narrativa.
Ao classificar 2025 como “o ano das entregas”, o presidente reconheceu avanços do governo, mas também admitiu fragilidades importantes. Lula reconheceu que a polarização política ainda atrapalha a avaliação do trabalho realizado e que a comunicação do governo poderia ter sido mais eficiente. É uma constatação relevante, sobretudo em um ambiente em que resultados concretos nem sempre se convertem em apoio político.
O ponto central da fala, no entanto, foi a projeção para 2026. Lula chamou o próximo ano de “a hora da verdade”, deixando claro que as eleições vão forçar ministros, partidos e aliados a se posicionarem. Não haverá mais espaço para ambiguidades. Cada um terá que escolher de que lado está e que tipo de país pretende defender.
Lula abre porta para reorganização do governo
Nesse contexto, o presidente abriu explicitamente a porta para uma reorganização do governo. Ao liberar ministros que desejarem disputar eleições e afirmar que ficará “feliz” com quem precisar se afastar, Lula sinalizou que a formação do time de campanha já começou. A cobrança foi direta: quem sair, que saia para ganhar e fortalecer o projeto político do governo.
O silêncio em relação a nomes estratégicos, como o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também foi eloquente. Não houve anúncio nem desmentido, mas o cenário é conhecido. Haddad é apontado como um dos principais nomes para deixar o cargo no início de 2026, não para disputar eleições, mas para atuar na articulação política da campanha presidencial. A ausência de menções diretas indica que esse movimento está em avaliação avançada nos bastidores.
O discurso de Lula deixa claro que o governo inicia uma transição de foco. A gestão cotidiana segue, mas passa a conviver com a necessidade de coesão política, alinhamento de discurso e preparação para o embate eleitoral. A máquina pública começa a ser ajustada para um novo ciclo, em que a política passa a pesar mais do que a técnica.
Em resumo, a reunião ministerial não foi apenas um encerramento simbólico de 2025. Foi o ponto de partida de 2026. Lula deixou claro que o tempo da indefinição acabou. A partir de agora, cada movimento será lido à luz da disputa que se aproxima.
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