Entender o perfil de investidor é essencial para investir com mais eficiência, mas não deve ser o único passo para definição do portfólio ideal. Um estudo da XP feito na base de clientes mostra que 48,5% dos investidores hoje são considerados agressivos pelas regras da CVM, enquanto 39,6% se enquadram como moderados e apenas 8,6% como conservadores. No entanto, o suitability, termo usado para definir legalmente o perfil do investidor, é somente o primeiro passo, que ajuda a identificar a tolerância ao risco. A construção de uma carteira de investimentos personalizada e adequada aos objetivos de longo prazo, exige também dados sobre vida financeira, patrimonial e até comportamental.
“O maior risco para o investidor não está necessariamente na oscilação de mercado de curto prazo, mas em não alcançar sua meta financeira de longo prazo. Mais importante do que fugir dessa volatilidade é garantir que sua carteira esteja alinhada ao seu plano. A política de investimentos, definida a partir do planejamento financeiro, é uma bússola que deve orientar de forma mais precisa, qual é a carteira ideal que torna planejamento financeiro mais viável”, explica Rachel de Sá, estrategista de investimentos da XP.
Dicas práticas para começar uma carteira de investimentos
O primeiro passo é montar uma reserva de emergência, que serve como um colchão de liquidez, garantindo mais preparo para imprevistos e evitando que situações inesperadas comprometam o planejamento financeiro de longo prazo. “Independentemente do perfil, todo investidor precisa de um colchão financeiro em produtos líquidos e conservadores, como Tesouro Selic, CDBs e fundos DI apenas com risco soberano”, afirma Rachel.
O próximo movimento é o de elaborar um planejamento financeiro, uma estratégia, ao menos com informações básicas, porém objetivas, que ajudam o investidor a quantificar melhor o seu desafio de quanto poupar, por quanto tempo e qual a rentabilidade que precisa buscar.
O perfil de investidor é essencial para calibrar qual tipo de riscos assumir para atingir os objetivos financeiros, considerando a experiência com investimentos (ou a falta dela), o nível de conhecimento sobre os ativos e produtos financeiros e até mesmo aspectos comportamentais, para entender como agir em determinadas situações de mercado. O relatório de alocação da XP mostra que as carteiras são elaboradas de acordo com o nível de risco: atualmente, em novembro de 2025, a recomendação é que uma carteira de perfil conservador tenha cerca de 70% alocados em renda fixa pós-fixada; a moderada, 32,5%; e a sofisticada, 12,5%, sendo que nessas duas últimas, há mais espaço para outros ativos como fundos multimercados, ações e até mesmo investimentos alternativos. “Diversificar não é espalhar por espalhar — é equilibrar os riscos. Mesmo investidores conservadores precisam diversificar seus investimentos, com o ativo certo, no tamanho ideal, e dentro de um plano”, comenta a estrategista.
Outro ponto essencial é ter clareza sobre qual o horizonte de tempo para aquele investimento. “O investidor que tem objetivos de longo prazo, mas acompanha de perto as oscilações dos preços dos ativos corre o risco de perder o foco na sua meta final. “O mercado oscila, mas os objetivos de longo prazo permanecem e podem ser atingidos se o portfólio foi bem elaborado”, afirma. Outro ponto focal importante deve ser a disciplina em poupar recursos periodicamente, realizando aportes de forma recorrente, para que o sucesso financeiro a longo prazo seja alcançado sem precisar depender tanto de cenários macroeconômicos e/ou de buscar sempre retornos muito elevados, consequentemente tomando mais riscos. “Investir é uma maratona, não uma corrida de cem metros. Ter paciência e seguir a estratégia faz toda diferença”, complementa.
Também é importante revisar periodicamente a carteira, especialmente quando há mudanças em nossa vida que impactem o planejamento financeiro, mas também é importante estar atento às mudanças no cenário econômico. O relatório de alocação de novembro da XP destaca uma movimentação de redução da parcela em crédito privado pós-fixado (CDI+) e um respectivo aumento na exposição em ações nas carteiras dos perfis moderado e sofisticado — um ajuste para que as carteiras de mais risco se adequem melhor ao atual estágio dos ciclos econômico e monetário no Brasil. “Assim como o cenário muda, a vida do investidor também muda. Rebalancear a carteira é uma ferramenta importante na busca de mais eficiência”, explica Rachel.
O equilíbrio entre segurança e rentabilidade é trabalhado constantemente, sempre com foco no longo prazo e nos objetivos de cada investidor. “Investir não é sobre adivinhar o futuro, mas sobre estar preparado para ele”, conclui a estrategista.
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