O cooperativismo financeiro segue ganhando espaço no país e se consolidando como um modelo alternativo ao sistema bancário tradicional. Em 2024, 12% da população brasileira, cerca de 25,8 milhões de pessoas, esteve vinculada a alguma cooperativa, segundo dados do Sistema OCB. Nesse contexto, a cota capital aparece como um dos pilares de funcionamento dessas instituições e ainda levanta dúvidas entre os usuários.
A cota capital representa a participação de cada cooperado no capital social da instituição. Diferentemente dos bancos convencionais, nos quais o cliente apenas utiliza serviços, o cooperado se torna também dono da instituição, participando dos resultados e das decisões.
A diretora regional da Unicred do Brasil, Núcleo Multirregional, Carolina Ramos, explica que a cota é o elemento que sustenta o modelo. “A cota representa a participação de cada associado no capital social e é a base desse modelo financeiro. Além de simbolizar o vínculo com a cooperativa, ela pode gerar rentabilidade e ainda aumenta com a distribuição das sobras anuais”, afirma.
O que é e como funciona a cota capital
A lógica da cota capital se aproxima do conceito de participação acionária em empresas tradicionais, mas com diferenças importantes. Ela é integralizada pelo cooperado, ou seja, o valor é aportado diretamente na cooperativa e utilizado para fortalecer a instituição.
Segundo Carolina, “quanto maior a participação, mais fortalecido se torna o conjunto e maiores podem ser os ganhos no longo prazo”. A integralização pode ser feita de uma vez ou de forma parcelada, dependendo das regras de cada cooperativa.
Essa estrutura também reforça o caráter coletivo do modelo. “Mais do que um investimento financeiro, a cota capital simboliza pertencimento e corresponsabilidade. Todos cooperam para o sucesso coletivo”, destaca a executiva.
Integralização e benefícios ao cooperado
A integralização da cota capital, o ato de depositar o valor referente à participação do cooperado, é o que oficializa o investimento na instituição. A partir daí, o associado passa a ter acesso a uma série de direitos previstos no estatuto de cada cooperativa.
Entre os principais benefícios estão:
• participação nas sobras anuais, uma espécie de divisão dos resultados
• acesso a linhas de crédito com taxas mais competitivas
• possibilidade de voto e participação nas assembleias, reforçando o caráter democrático do modelo
• condições diferenciadas em produtos e serviços, conforme a política de relacionamento de cada instituição
Carolina destaca que, dentro da Unicred, o uso frequente de produtos como cartões, seguros, financiamentos e investimentos fortalece a participação do cooperado nos resultados ao final do ano.
Regras e resgate da cota capital
Cada cooperativa estabelece políticas próprias sobre integralização e resgate, definidas em estatuto e deliberadas pelos associados. Por isso, é fundamental que o cooperado busque informações diretamente com a instituição.
“Cada cooperativa possui regras próprias sobre o resgate da cota capital. É importante que o cooperado converse com seu gerente de relacionamento para entender os procedimentos e prazos aplicáveis”, orienta Carolina.
Modelo segue em expansão
Com a ampliação da base de cooperados e maior interesse por modelos financeiros alternativos, o cooperativismo tende a seguir em expansão no país. Para especialistas do setor, a cota capital continua sendo o principal instrumento de sustentação dessa estrutura, combinando participação, governança e retorno financeiro compartilhado.
A evolução do modelo indica que o cooperativismo financeiro segue ocupando espaço relevante no sistema econômico, especialmente entre quem busca rentabilidade atrelada a propósito e participação direta nos resultados.
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