A China suspendeu a restrição às compras de carne de frango brasileira após confirmar que o país retomou o status sanitário e superou o único foco de gripe aviária registrado na produção comercial. A medida, anunciada pela administração das alfândegas chinesas, encerra um período de incertezas que afetou um dos mais importantes mercados para o setor de proteína animal do Brasil. A decisão marca a reabertura do último grande destino que ainda mantinha barreiras desde maio.
A Associação Brasileira de Proteína Animal celebrou a reversão da medida ao afirmar que o resultado reflete a capacidade técnica e diplomática do Brasil. A entidade relembrou que a suspensão chinesa havia ocorrido justamente quando o país registrava números expressivos de exportação para o mercado asiático. Enquanto isso, o setor trabalhava para demonstrar controle sanitário, em coordenação com o Ministério da Agricultura e com o Itamaraty.
“A suspensão ocorreu no contexto do único foco registrado – e que já foi totalmente superado – de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) na produção comercial de carne de frango do Brasil”, destaca a associação.
O que motivou a suspensão importa da carne de frango pela China?
A decisão da China de interromper as compras ocorreu após a confirmação do primeiro foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade em uma granja comercial localizada em Montenegro no Rio Grande do Sul. O episódio levou à adoção imediata de protocolos de contenção, desinfecção e isolamento, seguindo padrões internacionais. O caso gerou impacto significativo em um período no qual a China figurava como o maior destino para a carne de frango nacional.
Segundo dados da ABPA, a China havia importado 562,2 mil toneladas em 2024 o que representava aproximadamente 10,8% dos embarques totais. Entre janeiro e maio de 2025 a participação chinesa alcançou 228,2 mil toneladas com geração de receita de US$ 545,8 milhões. Por outro lado, a suspensão interrompeu essa trajetória, exigindo articulação técnica e diplomática para recuperar a confiança sanitária do mercado.
O país retomou oficialmente sua condição de livre de gripe aviária no dia 18 de junho após a conclusão dos procedimentos de desinfecção e a ausência de novos casos por um período mínimo de 28 dias. A União Europeia reconheceu em setembro o restabelecimento do status sanitário brasileiro o que permitiu a retomada de exportações para o bloco. A reabertura progressiva dos mercados ao longo do ano indicava um movimento de confiança das autoridades internacionais nas ações implementadas pelo Brasil.
Quais fatores explicam a decisão chinesa:
- Reconhecimento de que o foco de gripe aviária foi único e totalmente controlado;
- Recuperação formal do status sanitário do Brasil em junho;
- Aval da União Europeia sobre o controle sanitário brasileiro em setembro;
- Negociações técnicas envolvendo certificados e medidas preventivas;
- Volume histórico das importações chinesas de carne de frango brasileira;
Reabertura pode impulsionar exportações no fim do ano
A retomada das compras pela China ocorre em um momento no qual o Brasil busca consolidar sua posição como um dos maiores fornecedores globais de proteína animal. A normalização do fluxo comercial tende a ampliar receitas no último trimestre do ano, em um período de maior demanda internacional. Nesse sentido, a decisão fortalece a confiança do mercado e reduz incertezas que pairavam desde a suspensão de maio.
O setor mantém atenção sobre possíveis novos episódios sanitários e segue investindo em vigilância e biosseguridade. Enquanto isso, o governo brasileiro projeta que a recomposição total do mercado trará competitividade adicional ao país reforçando sua presença na Ásia e na Europa. A coordenação entre frigoríficos, entidades do setor e autoridades públicas continuará determinante para sustentar o padrão sanitário e a credibilidade internacional do produto brasileiro.
*Com informações da Agência Brasil
















