O Indicador IBC-Br, apontado como uma prévia do PIB, apresentou alta de **0,40% em agosto**, de acordo com dados do Banco Central. Embora mostre leve recuperação, o resultado reforça a imagem de uma economia com **crescimento contido** e dependente da força de indústria e serviços para sustentar a atividade. Ao mesmo tempo, a escalada da **guerra comercial entre os Estados Unidos e a China** surge como um risco extra, com potencial para reduzir demanda por commodities e pressionar exportações brasileiras.
“A leitura dos dados de agosto indica que a economia perdeu tração, com crescimento concentrado em alguns setores. A manutenção dos juros altos exige mais eficiência financeira das empresas e amplia o papel do crédito corporativo como pilar de estabilidade. Já a tensão entre EUA e China tende a elevar custos e incerteza global, tornando o crédito empresarial doméstico essencial para preservar a liquidez e o investimento produtivo”, afirma Gabriel Padula, CEO do Grupo Everblue.
Setores reagem com desigualdade
Para Richard Ionescu, CEO do Grupo IOX, o resultado revela fragilidade: “O desempenho de agosto mostra que a economia ainda opera com fôlego curto. A indústria reage de forma desigual, pressionada pelo custo do capital e pela menor confiança empresarial. Nesse cenário, cresce a demanda por crédito estruturado. A disputa comercial entre EUA e China adiciona risco externo e pode afetar exportações e margens, exigindo planejamento financeiro mais rigoroso das companhias brasileiras.”
Por outro lado, Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, observa uma recuperação pontual: “Após a retração anterior, os números indicam recuperação parcial. O IBC-Br de agosto avançou 0,40%, revertendo queda e sinalizando leve melhora no consumo e na indústria. Ainda assim, a guerra comercial entre EUA e China pode reduzir o crescimento global e a demanda por commodities, o que traz riscos ao PIB brasileiro, embora haja oportunidades para exportadores.”
Cenário de juros elevados favorece crédito estruturado
Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, destaca que os dados reforçam o padrão de crescimento controlado: “O IBC-Br de agosto confirma uma economia limitada pela política monetária restritiva e pela cautela dos investidores. A manutenção da Selic em 15% prolonga a preferência por renda fixa e crédito estruturado, que continuam entregando bons retornos com risco ajustado. Em meio à incerteza global da guerra comercial, o Brasil tende a se beneficiar de ativos reais e operações privadas bem lastreadas.”
Startups e venture capital em terreno desafiado
Antonio Patrus, diretor da Bossa Invest, vê oportunidades, mas com exigência: “O avanço de 0,4% sinaliza que a economia cresce pouco e investe menos. O crédito caro dificulta a expansão de empresas em estágio inicial, o que torna o venture capital ainda mais relevante como fonte de financiamento produtivo. A tensão comercial reduz liquidez global, mas desloca capital para mercados alternativos. O Brasil pode se destacar ao combinar demanda interna forte com ecossistema de startups em maturação — ainda que em ambiente global de desaceleração.”
Resiliência interna frente ao risco externo
João Kepler, CEO da Equity Group, ressalta que o mercado interno começa a dar sinais de estabilização. “Com IBC-Br +0,40%, observamos que a economia ainda reage mesmo sob juros altos e crédito restrito. A leve recuperação indica que empresas e consumidores se ajustaram — favorecendo modelos eficientes e tecnológicos. A guerra EUA-China segue como ponto de atenção: pode impactar exportações e margens. Por isso, fortalecer ecossistemas de inovação e digitalização será decisivo.”
Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, acrescenta que o ritmo moderado exige seletividade nas concessões: “Nos meses seguintes, o mercado deve permanecer técnico, com investidores priorizando operações de crédito bem estruturadas e lastreadas em ativos reais. A gestão do crédito se torna mais complexa em meio à variação cambial e ao ambiente externo volátil.”
Desaceleração, mas sem reversão
Volnei Eyng, CEO da Multiplike, avalia: “Os números confirmam uma economia que cresce, mas de forma mais lenta do que o esperado. A alta veio abaixo das projeções, refletindo o impacto prolongado dos juros sobre consumo e investimento. A guerra comercial entre EUA e China adiciona vetor de risco: pode pressionar commodities e frear demanda externa. Nesse contexto, crédito bem estruturado e condução financeira eficiente serão mais valorizados.”
Pedro Ros, CEO da Referência Capital, reforça que, no mercado imobiliário, a estabilidade pode favorecer modelos com fluxo previsível: “Com Selic em 15% e inflação controlada, reduzir a incerteza de custos favorece construção, contratos de renda e estratégia patrimonial de longo prazo.”
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, conclui: “O IBC-Br de +0,40% confirma um ciclo de crescimento modesto e investimento com cautela. A guerra comercial intensifica o risco externo, mas não inviabiliza oportunidades. O mercado doméstico precisa enxergar crédito estruturado como mecanismo de estabilidade e resiliência.”