O Projeto de Lei 4527/2025, que deve ser votado em regime de urgência nesta semana na Câmara dos Deputados, reacendeu a discussão sobre a regulação do mototáxi por aplicativo no Brasil. A proposta estabelece novas exigências para liberar o serviço em municípios com mais de 500 mil habitantes, vinculando a operação a estudos técnicos e à capacidade do sistema público de saúde. Além disso, ao condicionar a oferta a avaliações locais, o texto pode alterar o mapa da mobilidade em grandes centros.
Na prática, a medida é vista por parte do setor como um potencial freio à continuidade do transporte de passageiros em motocicletas via aplicativos, especialmente nas regiões metropolitanas. Por outro lado, defensores do projeto argumentam que a regulação traria parâmetros de segurança e planejamento às cidades. Nesse sentido, o debate no Congresso tende a opor quem enxerga o serviço como alternativa acessível e rápida àqueles que priorizam critérios sanitários e viários mais rígidos.
Fim do mototáxi por aplicativo? O que exatamente prevê o PL 4527/2025?
Segundo o texto, a autorização para funcionamento do mototáxi por aplicativo dependerá de análises prévias e de indicadores específicos, com foco em segurança pública e capacidade assistencial. Entre os pontos listados estão exigências cujo cumprimento pode variar conforme a realidade de cada município.
- Elaboração de estudos de viabilidade do serviço em cidades com mais de 500 mil habitantes;
- Avaliação da capacidade do sistema público de saúde para atender vítimas de acidentes envolvendo motocicletas;
- Atendimento a outros requisitos que venham a ser definidos em regulamentações complementares.
Por outro lado, a proposta não detalha todos os parâmetros técnicos, o que remete parte da definição a normas posteriores. Enquanto isso, gestores municipais e operadores do setor avaliam como tais critérios poderiam ser implementados sem descontinuar serviços já presentes.
Quais são os argumentos dos críticos do projeto?
O deputado Junio Amaral (PL-MG), integrante da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, classifica a exigência sobre a capacidade da saúde pública como “desconectada da realidade” brasileira. Segundo ele, o serviço de mototáxi via aplicativos tornou-se alternativa essencial para milhões de usuários, além de fonte de renda para milhares de trabalhadores. Nesse sentido, afirma que impor barreiras adicionais colocaria em risco a continuidade de uma solução de mobilidade que, na sua avaliação, “rompeu com a burocracia” do transporte tradicional.
Além disso, entidades ligadas às plataformas monitoram o avanço da proposta, alegando que a eventual aprovação em grandes centros, onde a demanda é mais intensa, pode afetar significativamente o modelo de negócios. Enquanto isso, representantes do setor pedem diálogo para calibrar eventuais exigências de segurança sem inviabilizar o atendimento.
Como o projeto pode afetar usuários e trabalhadores?
Entre os potenciais impactos estão mudanças na disponibilidade do serviço e, por consequência, no tempo e no custo de deslocamento dos usuários. Por outro lado, os defensores do PL argumentam que estudos de viabilidade e avaliação da rede de saúde ajudam a orientar políticas urbanas e reduzir riscos associados ao trânsito em motocicletas. Nesse sentido, a calibragem regulatória será chave para evitar “descontinuidade abrupta” em cidades nas quais o serviço já está consolidado.
Para os trabalhadores, a adoção de critérios mais restritivos pode significar redução de oportunidades no curto prazo, sobretudo em capitais. Entretanto, apoiadores da proposta sustentam que parâmetros objetivos de segurança e planejamento podem, no médio prazo, dar previsibilidade às regras e, assim, reduzir disputas judiciais e incertezas operacionais.
Mobilização política e popular
Amaral afirmou que já discutiu o tema com a liderança do partido e que trabalhará para barrar a aprovação. Além disso, pediu mobilização popular para pressionar parlamentares contrários ao texto, argumentando que o PL “prejudica a vida de tanta gente”. Por outro lado, grupos favoráveis à regulação defendem que o Congresso analise evidências de segurança viária e capacidade hospitalar antes de chancelar a continuidade irrestrita do serviço.
Enquanto isso, o tema deve manter o plenário mobilizado ao longo da semana, com discursos que vão do apelo social pela manutenção do serviço à defesa de maior rigor técnico. Nesse sentido, o embate opõe visões distintas sobre o papel do poder público na organização da mobilidade urbana.