O mercado inicia a terça-feira atento a movimentos corporativos relevantes e anúncios de proventos que podem influenciar a percepção dos investidores no curto e médio prazo. Entre os destaques, a parceria firmada entre Direcional e Moura Dubeux promete ampliar a atuação no setor imobiliário do Nordeste, especialmente em projetos ligados ao Minha Casa Minha Vida.
De acordo com Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, a união entre as duas construtoras combina a experiência nacional da Direcional com o conhecimento regional da Moura Dubeux. A expectativa é de que a iniciativa funcione como um catalisador para o segmento de média e baixa renda, reforçando o papel das empresas em um momento de recuperação do setor habitacional.
Mercado de olho na parceria entre Direcional e Moura Dubeux
O acordo entre as companhias contempla subsidiárias e tem foco em projetos residenciais na Faixa 3 do Minha Casa Minha Vida. No comunicado, as empresas ressaltaram que a parceria alia a expertise de ambas, criando um potencial de crescimento significativo. “Esse movimento pode gerar resultados positivos no médio e longo prazo, ainda que detalhes adicionais não tenham sido divulgados até o momento“, avalia Saravalle.
Nesse sentido, o mercado imobiliário segue como um dos setores estratégicos para investidores que buscam exposição a ativos ligados ao consumo interno e ao crédito habitacional. A combinação de escala nacional e conhecimento regional fortalece a competitividade das companhias e abre espaço para expansão em capitais do Nordeste.
Distribuição de proventos aquece o mercado
Além da movimentação no setor de construção, diversas companhias anunciaram pagamentos de Juros sobre Capital Próprio (JCP), reforçando o caráter de geração de caixa e a atratividade das ações para investidores focados em renda recorrente. Entre as principais divulgações:
- Elektro Redes: R$ 28,6 milhões em JCP, com data-base em 2 de outubro e pagamento até 31 de dezembro de 2025.
- Coelba: R$ 141 milhões em JCP, com valores de R$ 0,52 por ON/PN A e R$ 0,57 por PN B, também com pagamento até 31 de dezembro de 2025.
- Iochpe-Maxion: R$ 46 milhões em JCP, equivalente a R$ 0,30 por ação, com pagamento previsto até 30 de abril de 2026.
- CSU Digital: R$ 7,1 milhões em JCP, ou R$ 0,17 por ação, com pagamento em 15 de outubro de 2025.
- Alupar: dividendos de R$ 69,2 milhões, programados para 6 de outubro de 2025.
“Esses anúncios reforçam a consistência de setores como o de energia elétrica, reconhecido por sua resiliência, além de sinalizarem a capacidade de empresas industriais e de tecnologia financeira de manter geração de valor mesmo em cenários de volatilidade macroeconômica“, avalia.
CVC ganha fôlego no mercado de turismo
Outro destaque no pregão é a CVC, que teve seu rating reafirmado pela Fitch em BBB(bra), com revisão da perspectiva para positiva. A agência de classificação de risco destacou avanços na reestruturação, ganhos em capital de giro e redução de custos financeiros. O movimento é visto como um sinal de que a empresa pode alcançar maior acesso a crédito e consolidar seu processo de recuperação.
Saravalle ressaltou que a CVC já apresenta lucro operacional positivo e negocia em torno de R$ 1 bilhão em valor de mercado. Em termos de Enterprise Value (EV), o montante chega a R$ 1,25 bilhão. Segundo ele, resultados financeiros do terceiro trimestre e do fim do ano podem servir como catalisadores importantes para a performance das ações.
Banrisul e Wiz fortalecem presença no mercado financeiro
O Banrisul e a Wiz anunciaram um acordo de 60 meses para distribuição de produtos de crédito via correspondentes no Rio Grande do Sul. O comunicado destacou que a iniciativa reforça o papel do banco como protagonista na inclusão financeira e na modernização de seu atendimento, ampliando a capilaridade de seus serviços.
“A parceria pode trazer ganhos significativos para a Wiz, que busca diversificar receitas e consolidar sua presença no setor financeiro. A estratégia também favorece o Banrisul, ao consolidar sua posição como instituição de referência regional, analisa.
O que esperar do mercado nos próximos meses?
Com a combinação de parcerias estratégicas, distribuição de proventos e reestruturações corporativas, o mercado brasileiro segue demonstrando resiliência em diferentes setores. A leitura de Saravalle indica que investidores devem acompanhar de perto os resultados trimestrais, sobretudo em empresas como CVC, e avaliar como os anúncios de proventos reforçam a atratividade das companhias listadas.
Enquanto isso, o cenário externo, marcado por discussões sobre política monetária nos Estados Unidos e sinais de recuperação na China, pode influenciar o humor dos investidores locais. No entanto, o foco em estratégias corporativas sólidas e na geração de valor segue como ponto central para quem acompanha o mercado de capitais brasileiro.