O mercado financeiro abriu a semana de setembro com os olhos voltados para a Simpar (SIMH3), após rumores de uma possível “megacapitalização” conduzida pelo BTG Pactual. Embora a companhia tenha negado oficialmente qualquer operação nesse sentido, a notícia gerou forte debate entre investidores e analistas. Segundo Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, mesmo sem confirmação, o simples surgimento de informações desse tipo pode sinalizar discussões internas sobre desalavancagem e fortalecimento da estrutura de capital.
De acordo com Saravalle, uma capitalização nesse momento não parece necessária, mas poderia reduzir a percepção de risco e destravar valor no médio e longo prazo. Ele lembra, contudo, que no curto prazo esse tipo de operação tende a pressionar os papéis, principalmente pelo preço definido e pela diluição dos acionistas, como ocorreu no caso da Cosan. “Quando há fumaça, pode haver fogo, mas é importante destacar que movimentos de redução de alavancagem sempre trazem ganhos relevantes de valor no horizonte mais longo”, destacou.
O que significa uma megacapitalização da Simpar para o mercado?
O debate sobre uma possível capitalização da Simpar reflete um dilema recorrente no mercado, o impacto imediato negativo versus os benefícios futuros. No curto prazo, a emissão de ações pressiona as cotações, já que aumenta a oferta no mercado e pode gerar críticas sobre o preço da operação. Por outro lado, cria-se uma base de sustentação que dá maior previsibilidade para o investidor e melhora o perfil de capital da empresa.
Saravalle observa que a experiência recente da Cosan mostra como essas operações podem servir como um piso para as ações, atraindo demanda de investidores interessados em participar do aumento de capital. “Para quem tem perfil de risco e foco no médio e longo prazo, pode até representar uma oportunidade de compra, ainda que com volatilidade no curto prazo”, completou.
Outros destaques do mercado nesta segunda
Além da Simpar, o mercado acompanha outras movimentações importantes nesta semana:
- Itaúsa (ITSA4): realiza nesta terça-feira, 30 de setembro, o evento “Panorama Itaúsa”, com a participação de Alfredo Setubal. A expectativa é de informações relevantes sobre governança e remuneração aos acionistas.
- Banco ABC (ABCB4): aprovou programa de recompra de até 7,5 milhões de ações, válido até março de 2027. O movimento reforça a confiança da gestão e tende a sustentar a cotação.
- Klabin (KLBN11): concluiu operação imobiliária que resultou em aporte de R$ 600 milhões, reforçando disciplina financeira e fortalecendo o balanço. Há indicações de que o investidor institucional envolvido seria o Itaú.
- Grazziotin (CGRA4): anunciou recompra de até 979 mil ações até março de 2026, sinalizando confiança da administração no valor da companhia.
- Alliança Saúde (AALR3): teve o rating reafirmado pela Fitch, agora com perspectiva positiva, o que abre caminho para um futuro upgrade.
- Eletrobras (ELET3): aprovou emissão de R$ 700 milhões em debêntures pela Eletronorte, com vencimento em 2035, alongando o perfil da dívida.
- Embraer (EMBR3): avançou em estudos com combustível sustentável de aviação (SAF 100%), em parceria com a Vibra, buscando certificação até 2030.
Como os investidores devem interpretar o momento?
Para Saravalle, o investidor precisa separar ruídos de curto prazo das tendências de médio e longo prazo. A volatilidade causada por rumores de operações societárias pode gerar oportunidades, mas a análise fundamentalista deve ser priorizada. “A desalavancagem e o fortalecimento da estrutura de capital da Simpar já estão em curso e, independentemente de uma megacapitalização, isso tende a destravar valor para quem tem paciência”, afirmou.
Enquanto isso, a atenção do mercado se divide entre recompra de ações, eventos corporativos e novas emissões de dívida que reforçam a solidez das companhias. O denominador comum é a busca por maior transparência e disciplina financeira, elementos que, segundo Saravalle, aumentam a previsibilidade e tornam os ativos mais atrativos.