Em 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos viveram uma das maiores tragédias da sua história recente. A imagem das Torres Gêmeas em chamas não representava apenas um ataque físico, mas um choque profundo na confiança, nas instituições, na economia e na própria capacidade do país de se proteger.
Os efeitos do 11 de setembro foram imediatos: os mercados entraram em colapso, o Dow Jones caiu mais de 600 pontos na primeira sessão após a reabertura da bolsa, e o setor aéreo praticamente parou. O Federal Reserve foi obrigado a agir rápido, cortando juros de forma agressiva para tentar conter o impacto na atividade econômica e no consumo.
Naquele momento, o medo não era apenas de novos ataques, mas de uma recessão profunda. A resposta veio por meio de uma combinação de estímulos fiscais, expansão de liquidez e um reposicionamento da política externa. A economia se recuperou, mas o preço foi alto: uma escalada de gastos, um endividamento crescente e uma política monetária cada vez mais reativa aos choques.
Vinte e quatro anos depois, os desafios são outros, mas a sensação de vulnerabilidade permanece.
Hoje, os EUA enfrentam um desafio diferente. O que ameaça a estabilidade do país não vem de fora, mas de dentro:
- Uma inflação persistente, que desafia os bancos centrais e pressiona o consumo;
- Um mercado de trabalho que dá sinais de enfraquecimento, com revisões negativas na geração de empregos e salários sob pressão;
- Um mercado de títulos que manda sinais claros de cautela, com a ponta longa da curva estressando enquanto o Federal Reserve tenta calibrar cortes graduais de juros;
- Um ambiente global marcado por tensões geopolíticas, tarifas de importação e disputa de liderança econômica.
Se, em 11 de setembro de 2001, a vulnerabilidade era exposta por um ataque externo, hoje ela é revelada pela complexidade dos desafios internos. O país vive um ponto de inflexão: equilibrar crescimento, controle da inflação e confiança dos investidores num cenário onde cada decisão de política monetária tem efeito global.
E, no centro de tudo isso, uma pergunta que o mercado tenta responder diariamente: os EUA ainda controlam sua narrativa econômica, ou já entraram em um ciclo onde o risco vem de dentro?
Vinte e quatro anos depois, a história mostra que as crises mudam de forma, mas a necessidade de liderança, clareza e confiança permanece a mesma.