No cenário eleitoral de 2026, o setor agro brasileiro passa por um período de transição significativa. A ausência de Bolsonaro como figura central na política influencia diretamente o clima entre os produtores rurais, alterando a dinâmica do setor. Segundo Miguel Daoud, analista de economia e política, essa mudança afeta principalmente os médios e grandes produtores, que buscavam políticas mais favoráveis durante o governo anterior.
Atualmente, cerca de 80% das propriedades rurais pertencem a pequenos produtores, foco das políticas do governo Lula. Enquanto isso, os médios e grandes produtores, historicamente alinhados com Bolsonaro, procuram alternativas para garantir sua sustentabilidade diante do novo cenário político. Essa mudança pode impactar diretamente decisões de investimento no agro, exigindo análise estratégica por parte dos investidores.
Como a política agrícola afeta os investimentos?
O governo atual prioriza a agricultura familiar, considerando-a essencial para o equilíbrio da produção e para promover inclusão social no setor agro. Nesse sentido, os pequenos agricultores recebem mais apoio, mas a bancada ruralista, composta por representantes de médios e grandes produtores, detém apenas 20% da produção total. Isso levanta questões sobre a eficácia de políticas agrícolas que dependem de consenso legislativo.
“Os pequenos produtores sentem-se mais apoiados, mas a ausência de força da bancada ruralista no Congresso pode dificultar a implementação de medidas essenciais”, destacou o analista. Além disso, as mudanças nas diretrizes de apoio ao agro podem alterar estratégias de investimento, fazendo com que investidores revisem suas decisões em segmentos específicos do setor.
Quais são os desafios e oportunidades para os produtores?
Os médios e grandes produtores enfrentam desafios significativos com a mudança de prioridades do governo. Muitos estão adaptando suas operações para sobreviver em um contexto onde a agricultura familiar ganha destaque. Por outro lado, isso representa uma oportunidade para que pequenos agricultores expandam suas atividades e aumentem sua participação no mercado.
- Aumento do investimento em tecnologias sustentáveis;
- Exploração de novos mercados e canais de distribuição;
- Parcerias com programas do governo para obter subsídios.
“Investidores devem observar como essa transição pode gerar oportunidades no agro. A agricultura familiar tem potencial para se tornar uma área atrativa, especialmente se os pequenos produtores conseguirem se organizar e elevar sua produtividade,” afirma Daoud.
Qual é o futuro do agro no Brasil?
O futuro do setor agro dependerá da capacidade do governo e do Congresso de equilibrar interesses de pequenos, médios e grandes produtores. Enquanto o foco nas pequenas propriedades pode trazer novo impulso ao setor, a resistência de produtores maiores pode gerar desafios para a implementação de políticas de longo prazo.
Além disso, o investimento em tecnologias, sustentabilidade e novas estratégias de mercado será determinante para que o agro brasileiro mantenha sua competitividade global. O engajamento entre governo, produtores e investidores será fundamental para o crescimento equilibrado do setor.
Daoud conclui: “O equilíbrio entre os diferentes segmentos de produção será essencial para garantir estabilidade e crescimento no agro. Investidores precisam acompanhar de perto a política e os impactos diretos nas operações rurais.” Por fim, a atenção às movimentações políticas e legislativas se torna indispensável para quem atua ou pretende investir no setor agro no Brasil.