O programa Money Report, exibido pela BM&C News, reuniu três convidados de diferentes setores para discutir como o empreendedorismo pode transformar trajetórias pessoais em negócios de impacto. Fernanda Feitosa, fundadora da SP-Arte, compartilhou sua experiência ao criar uma das principais feiras de arte da América Latina. Marcelo Fernandes, do Grupo Gastronomia MF, revelou a mudança radical de carreira que o levou a construir um império gastronômico. Já Sérgio Benício, CEO da Benício Advogados, destacou a importância da tradição familiar e do papel do direito como instrumento para sustentar empresas em meio às mudanças tributárias.
Apesar de trajetórias distintas, os três demonstraram que o empreendedorismo brasileiro exige inovação, resiliência e adaptação constante. Além disso, reforçaram que cultura, gastronomia e advocacia, embora diferentes, têm um ponto em comum: a busca por valorizar experiências, construir legados e enfrentar os desafios de um mercado em transformação.
Como o empreendedorismo abriu espaço para a arte no Brasil?
Advogada de formação, Fernanda Feitosa deixou sua carreira original para investir no universo das artes. Inspirada em feiras internacionais como a Art Basel, ela fundou em 2005 a SP-Arte, que começou como uma feira comercial e rapidamente se transformou em um festival internacional de arte em São Paulo. Hoje, o evento reúne mais de 100 galerias, promove palestras e atrai colecionadores e jovens interessados em cultura e inovação.
Segundo Fernanda, o empreendedorismo cultural ajudou a democratizar o acesso à arte, antes vista como restrita a elites tradicionais. Ao aproximar artistas e galeristas de um público diverso, a SP-Arte consolidou o Brasil no mapa das grandes feiras globais e abriu espaço para novos talentos. “A feira rejuveneceu o público em duas gerações”, destacou, reforçando o papel da arte na formação cultural e social.
O empreendedorismo na gastronomia: da limpeza ao sucesso
Marcelo Fernandes contou como deixou o setor de higiene e limpeza para empreender na alta gastronomia. Após uma fusão malsucedida, encontrou no chef Alex Atala a oportunidade de abrir o renomado restaurante DOM, hoje referência mundial. A partir dessa experiência, construiu o Grupo Gastronomia MF, dono de marcas como Kinochita, Mercearia do Francês e Paneteria Timino.
Para ele, a gastronomia representa um caminho de ascensão social e cultural. “Assim como a arte, a culinária é uma forma de empreendedorismo criativo, que exige dedicação, inovação e capacidade de proporcionar experiências memoráveis”, afirmou. Harmonizações exclusivas, menus sofisticados e a busca pela excelência são, segundo Marcelo, estratégias que fortalecem a identidade da marca e fidelizam clientes.
No direito, o empreendedorismo também faz diferença?
Ao contrário de seus colegas, Sérgio Benício seguiu desde cedo o caminho da advocacia. Filho de advogados, iniciou a carreira ainda adolescente no escritório da família e hoje é CEO da Benício Advogados. Para ele, o direito também exige espírito empreendedor, já que interpretar normas e garantir resultados para os clientes envolve criatividade e adaptação.
Sérgio destacou ainda os desafios da reforma tributária, que prevê a transição para o IVA dual até 2033. Segundo ele, empresas de todos os portes precisarão se reinventar para lidar com dois sistemas tributários em paralelo, aumentando a necessidade de planejamento estratégico. O advogado defendeu também a ampliação de incentivos fiscais para doações a museus, como forma de estimular a cultura e fortalecer o ecossistema empreendedor no setor artístico.
Quais lições de empreendedorismo os três setores compartilham?
A conversa mostrou que, independentemente da área de atuação, o empreendedorismo é movido por inovação, visão de longo prazo e capacidade de superar obstáculos. No caso de Fernanda, transformar um hobby em negócio de impacto. Para Marcelo, reconstruir a carreira após perdas e criar experiências únicas para os clientes. E para Sérgio, manter a tradição familiar enquanto adapta o escritório às novas exigências do mercado jurídico.
- Fernanda Feitosa: mostrou como o empreendedorismo cultural pode projetar o Brasil no cenário global da arte.
- Marcelo Fernandes: transformou desafios em oportunidades e consolidou-se como referência na gastronomia de alto padrão.
- Sérgio Benício: reforçou a importância do empreendedorismo jurídico para sustentar empresas em meio a mudanças regulatórias.
No encerramento, os convidados concordaram que empreender no Brasil não é fácil, mas é justamente nas dificuldades que surgem as maiores conquistas. “A vida do empresário é complexa, mas a resiliência e a criatividade fazem a diferença”, resumiu Marcelo Fernandes.