Na véspera do aguardado discurso de Jerome Powell no Simpósio de Jackson Hole, o mercado acionário norte-americano operou em compasso de cautela. A percepção de que os cortes de juros podem não ocorrer ainda em 2024, reforçada por falas conservadoras de dirigentes do Federal Reserve, trouxe pressão adicional sobre os ativos de risco. Além disso, dados mostraram aumento acima do esperado nos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA, reforçando a leitura de incerteza no cenário econômico.
No fechamento desta quinta-feira (21), os principais índices de Nova York registraram perdas. O Dow Jones caiu 0,34%, encerrando aos 44.785,50 pontos, enquanto o S&P 500 recuou 0,40%, para 6.370,16 pontos. O Nasdaq também perdeu 0,34%, terminando aos 21.100,31 pontos. A postura defensiva dos investidores se refletiu no movimento dos Treasuries, que avançaram em meio ao ajuste de expectativas sobre a política monetária.
Quais fatores pesaram sobre os índices?
Entre os destaques corporativos, as ações do Walmart recuaram 4,49% após a companhia reportar lucro abaixo das projeções, o que não acontecia havia três anos. O resultado reforçou preocupações sobre a resiliência do consumo das famílias diante de juros elevados. Nesse cenário, o setor varejista liderou as perdas na sessão, contribuindo para o desempenho negativo do mercado.
No mercado de renda fixa, os retornos dos títulos do Tesouro dos EUA avançaram. O rendimento da T-Note de 2 anos subiu de 3,767% para 3,798%, enquanto o da T-Note de 10 anos passou de 4,299% para 4,331%. Já o T-Bond de 30 anos aumentou de 4,898% para 4,924%. Esse movimento indica maior demanda por prêmio de risco, em meio à expectativa de manutenção de juros elevados por mais tempo.
Expectativas para o discurso de Powell
Com os últimos indicadores mistos e a inflação ainda acima da meta, investidores aguardam com atenção a fala de Powell em Jackson Hole. O presidente do Fed deve trazer pistas mais claras sobre os próximos passos da política monetária, especialmente em relação ao ritmo e à possibilidade de cortes de juros. Por ora, prevalece a visão de que o banco central manterá a postura conservadora diante das incertezas do mercado de trabalho e da inflação.
Assim, a sessão desta quinta foi marcada por ajustes de portfólio, aumento da aversão ao risco e reforço da liquidez em ativos considerados mais seguros, à espera de um dos momentos mais aguardados do calendário econômico global.