No atual cenário automobilístico, em que os veículos novos estão cada vez mais complexos e caros, a promessa das montadoras de garantias estendidas de 5, 8 ou até 10 anos surge como um atrativo para muitos consumidores. Contudo, avaliar se essa segurança adicional realmente protege o proprietário contra imprevistos é essencial. Essas garantias, muitas vezes promocionais com destaque em campanhas publicitárias, podem esconder detalhes cruciais que levam o consumidor a questionar sua real eficácia.
Muitas marcas de automóveis oferecem essas garantias prolongadas, mas elas não cobrem tudo indiscriminadamente. Em vez disso, estendem-se apenas a componentes específicos e estão sujeitas a condições rígidas. Por exemplo, a Toyota disponibiliza o programa “Toyota 10”, que é aplicável apenas a automóveis fabricados a partir de 2020 e sujeitos a todas as revisões periódicas na rede de concessionárias autorizadas. Similarmente, a Hyundai e a Kia oferecem 10 anos de garantia para motor e câmbio, mas exigem revisões periódicas e inspeções anuais.
Por que o atraso nas revisões pode anular sua garantia?
Um dos aspectos menos divulgados dessas garantias é a necessidade de cumprir rigorosamente os prazos estipulados para revisões. Se o proprietário atrasar alguma revisão ou utilizar peças não homologadas, a cobertura pode ser invalidada. A Chevrolet, por exemplo, requer revisões obrigatórias a cada 10 mil km e o uso de um óleo certificado específico para manter a garantia de componentes críticos. Outras marcas, como Volkswagen e Fiat, também são bastante inflexíveis quanto ao cumprimento dessas condições.
Quais itens estão excluídos da cobertura?
Importante destacar que muitos itens geralmente não estão cobertos, mesmo dentro da garantia padrão. Componentes sujeitos a desgaste natural, como pastilhas de freio, embreagem e pneus, normalmente não são abrangidos. Além disso, peças de acabamento, como plásticos internos e borrachas, também não fazem parte da cobertura. Até mesmo elementos eletrônicos, como multimídias e centrais, frequentemente possuem prazos de garantia mais curtos.
O que acontece se o uso do veículo for considerado inadequado?

O tipo de uso do veículo também pode impactar a validade da garantia. Automóveis utilizados para fins comerciais, como táxis, ou usados em condições severas, como trilhas intensas, podem ter a garantia anulada. Marcas como Renault e Jeep possuem cláusulas que reduzem ou excluem a cobertura em casos de uso intenso, ou inadequado. Outros exemplos de uso “fora do padrão” incluem veículos rebaixados ou modificados eletronicamente.
Como manter ativa a garantia prolongada?
Para assegurar que a garantia se mantenha válida durante o período prometido, é crucial que o proprietário siga à risca as condições impostas pelas montadoras. Muitas marcas exigem que todas as revisões sejam realizadas dentro de um prazo específico e em suas redes autorizadas, utilizando-se de peças originais. A Hyundai, por exemplo, requer o cumprimento rigoroso do plano de manutenção para garantir a validade da cobertura de cinco anos.
Ao considerar um carro com garantia prolongada, é essencial que o consumidor entenda todas as condições e restrições associadas. Ler minuciosamente o contrato de garantia e discutir com o vendedor os detalhes do que é coberto e o que não é pode evitar surpresas indesejadas. Dessa forma, o proprietário pode usufruir desse benefício de maneira efetiva e sem preocupações desnecessárias.