A tensão comercial entre Estados Unidos e China, acirrada especialmente após medidas tarifárias promovidas por Donald Trump, tem provocado mudanças significativas nas rotas globais de comércio. Segundo Fagner Santos, especialista em comércio exterior com foco em China da JF Comex Consultoria, o Brasil surge como um destino estratégico para produtos chineses e também como fornecedor de bens de consumo e alimentos para o mercado asiático. “A China já vem investindo no Brasil desde o primeiro governo Trump. Mas é a partir de agora que o empresário brasileiro está enxergando que a China é uma oportunidade muito boa”, destaca Santos. Ele aponta que setores como brinquedos, veículos elétricos e painéis solares ganharam força nas importações, e há uma expectativa de que o segundo semestre traga crescimento ainda maior, especialmente com o fim da greve da Receita Federal.
De olho no Natal, muitos empresários brasileiros já realizaram suas compras entre abril e junho, garantindo que os produtos cheguem a tempo para a alta temporada. Além disso, setores como o fitness também devem ter expansão significativa nas importações neste segundo semestre.
Outro ponto destacado por Fagner Santos é a existência de linhas de crédito facilitadas por instituições chinesas. “Poucos sabem, mas a China tem uma linha de crédito muito boa para as empresas que se encaixarem no formato”, explica. Com esse financiamento, importadores brasileiros podem aumentar consideravelmente seus volumes, triplicando a capacidade de compra em alguns casos.
Nesse contexto, a abertura da adidância tributária na China – uma espécie de posto da Receita Federal do Brasil em território chinês – deve reforçar o controle sobre importações e exportações, combater fraudes e concorrência desleal, e aumentar a transparência fiscal entre os dois países. “É uma medida que vem para proteger o empresário honesto, que paga seus impostos corretamente”, enfatiza.
Brasil também pode exportar mais para a China
A oportunidade é de mão dupla. Com a aplicação de tarifas chinesas a outros países e a boa relação entre Brasil e China, empresários brasileiros também têm uma janela de oportunidade para exportar. “Esse tarifaço é muito importante, pois abre oportunidades para o empresário brasileiro apresentar seus produtos no mercado chinês”, afirma Santos.
Feiras internacionais como a Canton Fair, que acontece em outubro em Guangzhou, e os grandes eventos de importação em Xangai são vitais para empresários que buscam entrar ou expandir presença no mercado chinês. Há forte demanda por produtos brasileiros como cosméticos naturais, alimentos industrializados, bebidas, moda praia e produtos tecnológicos. “O Brasil tem uma linha de cosméticos naturais que tem potencial nesse mercado asiático. Agora é hora de aproveitar essa oportunidade”, conclui Santos.
Veja mais notícias aqui. Acesse o canal de vídeos da BM&C News.