O Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado nesta sexta-feira (04) pelo IBGE, registrou uma queda de 1,29% em maio de 2025 na comparação com abril. Essa é a quarta retração mensal consecutiva, consolidando uma tendência de alívio nos custos da indústria nacional. No acumulado do ano, o índice recua 1,97%, enquanto a variação em 12 meses ainda permanece positiva, em 5,78%.
Segundo o levantamento, 17 das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram queda de preços em maio. Entre os destaques estão setores como alimentos (-1,33%), refino de petróleo e biocombustíveis (-2,77%), metalurgia (-3,46%) e outros produtos químicos (-3,11%). Juntos, esses segmentos responderam por -1,11 ponto percentual (p.p.) da queda geral do IPP no mês.
Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, o cenário confirma a leitura de mercado de que a pressão inflacionária na porta de fábrica vem perdendo força. “A queda de 1,29% no IPP de maio confirma o movimento de alívio nos custos da indústria, em linha com o que o mercado já vinha projetando. Com quatro meses seguidos de recuo, o índice mostra que a pressão inflacionária na porta de fábrica perdeu força, especialmente em setores como alimentos, combustíveis e metalurgia”, afirma o executivo.
Dados do IPP: Redução da pressão de custos favorece decisões financeiras
Na avaliação de Eyng, esse movimento de desaceleração nos preços melhora o ambiente para empresas que operam com crédito estruturado, especialmente companhias de médio e grande porte. “Esse ambiente de menor pressão de custos melhora a previsibilidade financeira dos clientes e favorece decisões de investimento e alavancagem mais planejadas”, explica.
A perspectiva de manutenção da inflação sob controle também reduz o risco de repasses de preços ao consumidor final, o que pode ter efeitos positivos sobre a política monetária e a confiança dos agentes econômicos.
Alimentos e petróleo puxam a influência negativa no IPP
O setor de alimentos foi o maior responsável pela variação do IPP em maio, com influência de -0,34 p.p. na taxa geral. A queda foi puxada por produtos como açúcar VHP, derivados de soja e óleos vegetais, impactados pela safra agrícola e pela valorização do real frente ao dólar no período.
No setor de refino de petróleo e biocombustíveis, a principal influência negativa veio do óleo diesel, que tem o maior peso na composição do índice setorial. Já a metalurgia sofreu os efeitos da queda nas cotações internacionais do alumínio e da valorização cambial, com destaque para produtos como óxido de alumínio e chapas de alumínio.
IPP: bens intermediários têm maior peso na queda
Entre as grandes categorias econômicas, a maior variação negativa foi observada em bens intermediários, com queda de 2,37%, respondendo por toda a retração do IPP em maio. Bens de capital tiveram leve variação de -0,02%, enquanto os bens de consumo se mantiveram estáveis (0,00%).
No acumulado do ano, os bens intermediários registram queda de 4,37%, influenciados principalmente pelos setores de metalurgia, refino e outros produtos químicos.
Apesar da desaceleração no IPP, os analistas acompanham com atenção os próximos dados da inflação ao consumidor e a trajetória das commodities, que podem influenciar os preços no atacado nos próximos meses. O comportamento do câmbio e as decisões de política monetária também entram no radar dos investidores.
“O alívio nos preços industriais é bem-vindo, mas ainda é necessário cautela. A estabilidade da inflação e a previsibilidade fiscal serão determinantes para manter um ambiente de investimentos favorável no segundo semestre”, conclui Eyng.
Dados do IPP – maio de 2025
Indicador | Variação (%) |
---|---|
Maio/2025 (mensal) | -1,29 |
Acumulado no ano (até maio) | -1,97 |
Acumulado em 12 meses | +5,78 |