O mercado de trabalho brasileiro manteve desempenho positivo em maio, com a geração de 149.000 empregos formais, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta segunda-feira (30) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O saldo é resultado de 2,25 milhões de admissões e 2,10 milhões de desligamentos no mês.
Em relação ao mesmo período de 2024, houve um crescimento de 7% — em maio do ano passado, foram criados aproximadamente 132 mil empregos com carteira assinada. No acumulado de janeiro a maio, o saldo positivo soma 1,05 milhão de vagas. Já no intervalo de 12 meses, o Brasil criou mais de 1,6 milhão de empregos formais.
Caged mostra desaceleração, mas mercado segue aquecido
Apesar do bom desempenho, os dados mostram uma desaceleração gradual no ritmo de geração de vagas. Segundo cálculos com ajuste sazonal, o Caged de maio indicou a criação de 141 mil postos de trabalho, abaixo das 183 mil vagas geradas em abril com base na mesma metodologia.
A média móvel trimestral, que considera os dados dos últimos três meses, caiu para 136 mil vagas mensais — uma desaceleração em relação ao trimestre anterior. Contudo, especialistas avaliam que essa moderação não representa uma reversão de tendência, mas sim uma acomodação natural após meses atípicos, como fevereiro de 2025, fortemente impactado pela antecipação do Carnaval para o início daquele mês.
“O mercado de trabalho segue forte no segundo trimestre de 2025, com uma desaceleração bastante gradual. O Caged de maio corrobora essa tendência. A média móvel de três meses, porém, ainda está comprometida pela volatilidade dos dados de fevereiro e março”, explica Leonardo Costa, economista do ASA.
Costa destaca ainda que o ritmo elevado de contratações e demissões mostra que a dinâmica do mercado permanece aquecida, com empresas mantendo o apetite por mão de obra, apesar de um ambiente macroeconômico mais restritivo.
Setor de serviços lidera criação de empregos, segundo Caged
Todos os cinco principais setores da economia registraram saldo positivo na geração de empregos em maio:
- Serviços: +70.000 vagas
- Comércio: +23.000
- Indústria: +21.000
- Agropecuária: +17.000
- Construção civil: +16.000
O setor de serviços continua sendo o principal motor da geração de empregos no país, refletindo a expansão de atividades como turismo, educação, saúde, tecnologia e serviços corporativos. O resultado da agropecuária também foi destaque, com números positivos mesmo em meio a adversidades climáticas em algumas regiões.
O salário médio de admissão no mês foi de R$ 2.248,71, de acordo com os dados do Caged.
Caged mostra saldo positivo em quase todos os estados
No recorte regional, 26 das 27 unidades da federação apresentaram saldo positivo de empregos formais, segundo o Caged. Os destaques foram:
- São Paulo: +33.000 vagas
- Minas Gerais: +20.000
- Rio de Janeiro: +13.000
A única exceção foi o Rio Grande do Sul, que registrou saldo negativo de 115 vagas, ainda impactado pelos efeitos das enchentes de maio, que paralisaram setores produtivos e afetaram o comércio local.
Ministro do Trabalho usa Caged para criticar juros altos
Durante a divulgação dos dados do Caged, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, voltou a criticar o nível da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15% ao ano.
“Somos escravos do juro alto, que atrapalha um pouquinho. Se não estivesse nesse patamar, poderíamos estar crescendo um pouco mais”, afirmou o ministro.
A fala reforça o posicionamento do governo federal em defesa de uma redução mais acelerada da Selic, alegando que os juros elevados inibem investimentos, especialmente no setor produtivo, e reduzem o potencial de geração de empregos. Por outro lado, o Banco Central tem mantido uma postura cautelosa, diante da incerteza fiscal e das pressões inflacionárias persistentes.
Perspectivas do Caged para o segundo semestre
Mesmo com sinais de moderação, analistas esperam que os próximos relatórios do Caged continuem mostrando saldo positivo na geração de empregos. A expectativa é que o avanço de setores como construção civil, serviços financeiros e comércio eletrônico, somado à recuperação gradual do Rio Grande do Sul e a uma possível desaceleração da inflação, contribuam para manter o dinamismo no mercado formal.
“Os dados reforçam que o mercado de trabalho está robusto, mas sem euforia. A desaceleração é natural e, até o momento, saudável”, conclui Leonardo Costa.