O mercado financeiro brasileiro encerrou esta quarta-feira, 25 de junho de 2025, em queda, refletindo a volta da cautela dos investidores em relação ao cenário fiscal doméstico e ao comportamento do dólar. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 1,02%, encerrando o pregão aos 135.767 pontos, após um dia anterior de euforia que animou os mercados globais com o alívio nas tensões geopolíticas.
Ibovespa recua com foco no fiscal e no IOF
Segundo Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, o recuo desta terça-feira marca um contraponto ao otimismo do dia anterior:
“O Ibovespa caiu hoje depois de um dia animado ontem. O alívio geopolítico e a ausência de guerra animaram os mercados, especialmente nos Estados Unidos, que seguem próximos das máximas históricas”, afirmou Correia.
A principal preocupação do mercado hoje foi a possibilidade de a Câmara dos Deputados derrubar o decreto que elevou o IOF sobre operações financeiras internacionais, o que acendeu alertas sobre a trajetória fiscal brasileira.
Powell não surpreende, mas mantém Ibovespa em compasso de espera
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, voltou a discursar no Senado norte-americano, reforçando a cautela do banco central americano quanto à redução dos juros.
“Nada de novo no discurso de Powell hoje. Ele reforçou que seguem cautelosos em relação aos cortes de juros. O mercado ainda espera alguma redução, possivelmente no último trimestre do ano”, comentou Alison Correia.
Dólar sobe com forte fluxo comprador e operação atípica do BC
O dólar comercial fechou em alta de 0,66%, cotado a R$ 5,5551, após atingir a mínima de R$ 5,47 durante o dia. A valorização foi puxada por um forte fluxo comprador, típico de fim de semestre e da proximidade das férias de julho, quando aumenta a demanda por moeda estrangeira.
Além disso, o Banco Central realizou uma operação inusitada no mercado de câmbio: a venda de dólar à vista (spot), atrelada a um swap cambial reverso, o que chamou atenção dos investidores.
“Essa operação casada do BC surpreendeu. Na minha visão, se o objetivo fosse só dar liquidez, bastaria um leilão de linha tradicional. A escolha por usar um swap reverso levanta dúvidas: será que isso vira padrão?”, questiona Correia.
Juros futuros sobem e penalizam varejo, construção e consumo
Com a alta dos juros futuros, setores mais sensíveis ao crédito sofreram no pregão. As ações de varejo e construção civil estiveram entre as maiores quedas do dia:
- Lojas Renner (LREN3)
- Assaí (ASAI3)
- Pão de Açúcar (PCAR3)
- Cyrela (CYRE3)
- MRV (MRVE3)
- Ambev (ABEV3)
Também pesaram no índice as quedas de Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4) e CSN Mineração (CMIN3), que acompanharam o recuo no preço do minério de ferro no exterior.
Destaques positivos do dia
Apesar da predominância de quedas, algumas ações conseguiram se destacar:
- Vamos (VAMO3): +3,48%, recuperando parte das perdas dos últimos dias.
- RD Saúde (RADL3): +3,26%, com forte resiliência em meio à aversão a risco.
- Raízen (RAIZ4) e Minerva (BEEF3) também subiram, em meio à busca por papéis defensivos.
Dia de correção técnica e cautela fiscal
O fechamento desta terça foi marcado por realização de lucros e preocupações com o cenário fiscal interno. A combinação de volatilidade cambial, discurso cauteloso do Fed e expectativa por votação do IOF fez o Ibovespa recuar, puxando vários setores para o campo negativo.
“O mercado americano segue forte e próximo do seu all-time high. Aqui, temos mais incertezas. A combinação de juros altos, volatilidade no câmbio e cenário fiscal frágil traz um tom mais defensivo ao mercado”, concluiu Alison Correia.
 
			



 














