Com a redução das tensões geopolíticas no Oriente Médio, o mercado deixou de precificar riscos como choques no preço do petróleo ou ameaças nucleares. A reação imediata foi uma leve melhora no sentimento global, mas, na prática, a expectativa por cortes mais amplos nos juros segue travada. Para o economista e sócio da Acqua Vero, Bruno Musa, a principal trava agora é fiscal e ela não é exclusiva do Brasil.
Musa destaca a situação fiscal do Brasil, alertando para o elevado nível de endividamento do país. “O Brasil precisa ter uma abordagem mais rigorosa em relação à sua política fiscal para garantir a sustentabilidade a longo prazo“, afirma o economista.
Um ponto crucial na análise de Musa é justamente a diferença entre as políticas monetárias de países que estão cortando juros e o Brasil, que mantém taxas altas. “Enquanto várias economias estão se beneficiando de cortes nas taxas, o Brasil ainda enfrenta os desafios de uma política monetária restritiva“, observa ele.
Isso pode impactar a capacidade de investimento e o consumo interno, essencial para o crescimento econômico. Além disso, segundo o economista, a manutenção de juros elevados por um período prolongado tende a reduzir a competitividade do país e elevar o custo da dívida pública, comprometendo ainda mais o equilíbrio fiscal.
Além dos juros: macroeconomia no radar do mercado
O economista também analisa o panorama macroeconômico do Brasil, que, segundo ele, deve ser monitorado com atenção. “O cenário global pode trazer oportunidades, mas a volatilidade também é um risco que os investidores devem considerar“, explica Musa. Essa volatilidade pode influenciar a confiança dos investidores e, por consequência, o fluxo de capital para o Brasil.
Com a atual conjuntura, a estratégia de investimento deve ser reavaliada. Musa sugere que os investidores considerem diversificar seus portfólios, aproveitando as oportunidades que surgem no exterior, mas sem descuidar da análise do mercado interno. “Um portfólio bem diversificado pode oferecer segurança em tempos de incerteza“, recomenda.













