O governo brasileiro comemora um superávit fiscal de R$ 20 bilhões, no entanto é crucial destacar que esse superávit não altera a trajetória crescente da dívida pública do país, segundo Bruno Musa, economista e sócio da Acqua Vero. O economista argumenta que a situação fiscal é mais complexa do que aparenta, alertando que o adiamento do pagamento dos precatórios para julho ampliará o rombo fiscal, o que pode trazer consequências negativas para a saúde financeira do governo.
De acordo com o especialista, “o ajuste fiscal é inevitável”, mas se encontra em um estado de postponament. Essa procrastinação, segundo Musa, ocorre para não comprometer a popularidade do governo, especialmente em um período onde a confiança do eleitorado é fundamental. Ele enfatiza que essa estratégia pode levar a um acúmulo de problemas fiscais, que eventualmente exigirão medidas mais drásticas no futuro.
O economista também abordou as expectativas para as taxas de juros no Brasil. Com a inflação ainda alta e a necessidade de controle fiscal, a manutenção de uma política monetária restritiva pode ser uma realidade iminente. “O controle da inflação é essencial para a estabilidade econômica“, afirma Musa, indicando que a Selic pode continuar elevada enquanto o governo não apresentar um plano claro e eficiente para a redução da dívida pública.
Fiscal no radar do mercado
Musa oferece uma visão cautelosa sobre o futuro da economia brasileira. Com os desafios fiscais e a pressão inflacionária, as expectativas de crescimento podem ser moderadas. “Precisamos de um plano econômico realista e sustentável que não seja apenas focado em resultados a curto prazo“, alerta. Ele acredita que a confiança dos investidores está diretamente ligada à capacidade do governo em implementar reformas que estabilizem as contas públicas.
Para os investidores, Musa sugere uma abordagem mais conservadora diante do cenário econômico atual. Com as incertezas fiscais e as taxas de juros em um patamar elevado, ele recomenda diversificação e análise cuidadosa das oportunidades de investimento. “Os investidores precisam estar atentos às mudanças na política econômica e ajustar suas estratégias para mitigar riscos“, conclui.