Em 2024, uma investigação da Polícia Federal trouxe à tona um esquema envolvendo a tentativa de obtenção de um empréstimo de R$ 300 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio de documentos fraudulentos. O caso envolveu a fintech I9Pay e um lobista que alegava possuir influência dentro do banco federal. A operação, denominada Concierge, resultou na apreensão de mensagens que detalham a articulação do pedido de crédito e a possível participação de funcionários do BNDES.
As mensagens analisadas pela Polícia Federal revelaram que o lobista Christian Simões prometia facilidades para a aprovação do empréstimo, alegando proximidade com pessoas do alto escalão do BNDES. O empresário Patrick Burnett, proprietário da I9Pay, mantinha contato direto com Simões, que garantia a intermediação do processo utilizando documentos que inflavam artificialmente o capital da fintech. O objetivo era demonstrar uma situação financeira mais favorável do que a real, aumentando as chances de aprovação do crédito milionário.
Como funcionava o esquema de fraude no BNDES?
De acordo com as investigações, o esquema envolvia a produção de balanços financeiros falsificados e outros documentos que apresentavam a I9Pay como uma empresa sólida e lucrativa. Os papéis fraudados eram utilizados para tentar convencer o BNDES da capacidade da fintech de arcar com o empréstimo solicitado. O processo incluía conversas estratégicas entre o lobista e o empresário, nas quais eram discutidos detalhes sobre valores, prazos e a suposta influência junto a servidores do banco.
O BNDES, ao receber a documentação, acionou seus mecanismos internos de compliance, que identificaram inconsistências nos dados apresentados. A análise criteriosa dos documentos permitiu que o banco federal detectasse a tentativa de fraude antes que o crédito fosse liberado. Assim, o pedido de empréstimo foi recusado e o caso passou a ser investigado pelas autoridades competentes.
Quais os impactos das fintechs suspeitas de lavagem de dinheiro?
O episódio envolvendo a I9Pay destacou a vulnerabilidade de algumas fintechs no mercado financeiro brasileiro. Empresas desse segmento, que atuam com tecnologia e serviços bancários, passaram a ser alvo de investigações devido à suspeita de lavagem de dinheiro e facilitação de operações ilícitas. Segundo a Polícia Federal, algumas dessas instituições ofereciam contas correntes e outros serviços sem a devida autorização do Banco Central, dificultando o rastreamento de transações suspeitas.
- Fintechs envolvidas com lavagem de dinheiro movimentaram bilhões de reais.
- Empresas do setor de transporte também figuravam entre os clientes dessas instituições.
- As operações eram estruturadas para evitar bloqueios e investigações oficiais.
Além disso, a atuação dessas fintechs ilegais contribuiu para o aumento da preocupação com a segurança do sistema financeiro nacional. O caso levou o BNDES e outros órgãos a reforçarem suas políticas de controle e monitoramento, visando coibir práticas fraudulentas e proteger recursos públicos.
Como o BNDES reagiu à tentativa de fraude?

Após identificar a fraude, o BNDES reforçou a importância de seus mecanismos de compliance e transparência. O banco federal afirmou que atua de forma colaborativa com as autoridades, fornecendo informações e documentos necessários para a apuração dos fatos. O episódio também evidenciou a necessidade de aprimorar os processos de análise de crédito, especialmente quando envolvem empresas de tecnologia financeira.
- O BNDES recusou o pedido de empréstimo após detectar irregularidades.
- O banco comunicou imediatamente os órgãos de investigação.
- Medidas internas foram adotadas para evitar novas tentativas de fraude.
O caso segue sob investigação, com a Polícia Federal apurando a extensão da rede de contatos e a participação de possíveis servidores públicos. A atuação do lobista, que afirmava possuir uma “boquinha” dentro do BNDES, também está sendo analisada para verificar se havia, de fato, facilitação interna ou se a influência era apenas alegada.
O episódio envolvendo a tentativa de fraude no BNDES por meio de documentos falsos evidencia a importância de sistemas robustos de controle e fiscalização no setor financeiro. A atuação coordenada entre bancos, órgãos reguladores e autoridades policiais é fundamental para garantir a integridade das operações e proteger o patrimônio público. O caso também serve de alerta para a necessidade de constante atualização das políticas de compliance, especialmente diante do avanço das fintechs e das novas formas de atuação no mercado financeiro brasileiro.