Em decisão divulgada no começo da noite, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, que passa a ser de 15% ao ano. A medida vem em resposta às condições econômicas adversas tanto no Brasil quanto no cenário global.
O comunicado do Copom, que acompanhou a decisão, foi claro ao afirmar que, para garantir a convergência da inflação à meta e alcançar a estabilidade de preços, é necessário que a taxa de juros permaneça em patamar elevado por um período prolongado.
Ainda destacou que o aumento reflete uma combinação de fatores internos e externos que exigem uma abordagem cautelosa e proativa. O Comitê explicou que, embora o Brasil ainda observe alguma resiliência no mercado de trabalho e na atividade econômica, os níveis de inflação permanecem acima da meta, especialmente nas projeções para os próximos anos.
Cenário Externo e Interno Impactando a Política Monetária
O ambiente global continua a ser uma das principais fontes de incerteza. A instabilidade nas políticas comerciais e fiscais dos Estados Unidos, combinada com a volatilidade de ativos financeiros em várias partes do mundo, tem impactado as condições financeiras globais. Este cenário exige cautela, particularmente para países emergentes, que se veem diante de um contexto de maior tensão geopolítica.
Para o Copom, esse cenário externo representa um risco potencial de pressão sobre a economia doméstica. Além disso, a alta volatilidade do mercado de câmbio pode gerar um impacto adicional sobre a inflação, que já se encontra em níveis elevados.
Inflação Acima da Meta e Expectativas Desancoradas
No Brasil, o crescimento econômico tem mostrado sinais de moderação, embora ainda haja dinamismo, especialmente no mercado de trabalho. Contudo, a inflação continua a ser um desafio para o governo e o Banco Central. O Comitê observou que tanto a inflação cheia quanto as medidas subjacentes se mantêm acima da meta estabelecida, o que demanda uma ação mais incisiva da política monetária.
A pesquisa Focus, que acompanha as expectativas de inflação, indica que os números projetados para 2025 e 2026 seguem bem acima da meta, com estimativas de 5,2% e 4,5%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para 2026 é de 3,6%, o que está distante da meta de 3,25% estabelecida para o ano seguinte.
Riscos Para a Inflação: Desafios Persistentes
O comunicado do Copom também reforçou que os riscos para a inflação continuam elevados. Entre os fatores de risco para uma inflação mais alta, estão uma possível desancoragem das expectativas de inflação, uma maior resistência da inflação de serviços e um impacto inflacionário mais forte proveniente de políticas econômicas internas e externas, como uma taxa de câmbio mais depreciada.
Por outro lado, o Copom também mencionou riscos de queda, incluindo uma desaceleração mais acentuada da economia doméstica ou uma desaceleração global mais pronunciada, que poderiam trazer efeitos desinflacionários.
Projeções e Vigilância sobre o Ciclo de Alta dos Juros
Embora o aumento de 0,25 ponto percentual tenha sido decidido com base no atual cenário, o Copom sinalizou que, caso o cenário esperado se concretize, poderá interromper o ciclo de alta de juros para avaliar os impactos acumulados da política monetária já implementada. A autoridade monetária ressaltou que a vigilância será mantida, e novos ajustes poderão ser feitos, dependendo dos dados econômicos futuros.
A decisão do Copom, aprovada por unanimidade, foi votada pelos seguintes membros: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
Projeções de inflação no cenário de referência
Variação do IPCA acumulada em quatro trimestres (%)
| Índice de preços | 2025 | 2026 | 
| IPCA | 4,9 | 3,6 | 
| IPCA livres | 5,2 | 3,4 | 
| IPCA administrados | 3,8 | 4,1 | 
No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de R$5,60/US$, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2025 e de 2026. O valor para o câmbio foi obtido pelo procedimento usual.
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