Em meio a um cenário global de incertezas econômicas, termos como deflação, reflação e estagflação têm voltado ao debate com mais frequência. Embora nem sempre compreendidos pelo público em geral, esses fenômenos influenciam diretamente a vida do cidadão, seja no mercado de trabalho, nos preços do supermercado ou nas taxas de juros cobradas nos financiamentos.
O analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima, detalhou à BM&C News os riscos e implicações de cada um desses ciclos, destacando por que tanto a inflação alta quanto a queda persistente de preços podem representar ameaças à estabilidade da economia.
Deflação: o risco silencioso de uma economia travada
Apesar de, à primeira vista, a deflação parecer uma boa notícia, com preços em queda, Sidney alerta que esse cenário costuma indicar fraqueza na demanda e perda de confiança. “Quando os preços caem continuamente, consumidores e empresas adiam decisões de compra e investimento, o que reduz a atividade, gera desemprego e amplia o ciclo negativo”, explica.
Além disso, a deflação aumenta o peso real das dívidas, dificultando o pagamento por parte de famílias e empresas, o que pode elevar a inadimplência e comprometer o sistema financeiro.
Reflação: estímulo com prazo de validade
A reflação ocorre quando governos e bancos centrais adotam medidas deliberadas para reaquecer a economia após crises. “Ela envolve corte de juros, aumento de gastos públicos e incentivos fiscais”, explica Sidney. O problema, segundo ele, aparece quando esses estímulos são mantidos por tempo demais, criando pressões inflacionárias que exigem freios duros posteriormente.
“Se a economia já estiver se recuperando, continuar com estímulos pode causar superaquecimento e exigir, mais à frente, altas abruptas de juros”, destaca.
Estagflação: inflação alta, economia fraca e desemprego crescente
Para Sidney Lima, a estagflação é um dos cenários mais desafiadores para qualquer autoridade econômica. Ela combina inflação elevada, estagnação econômica e aumento do desemprego, e exige decisões difíceis. “Subir juros combate a inflação, mas agrava o desemprego. Reduzir juros pode impulsionar o consumo, mas piora os preços. É um dilema clássico”, explica.
O Brasil já enfrentou esse cenário durante a chamada “década perdida” nos anos 1980. E, segundo Sidney, há risco de nova estagflação caso o país não consiga conter a inflação enquanto enfrenta baixo crescimento e fragilidade no mercado de trabalho.
Como o Banco Central reage a deflação, estagflação e reflação:
- Deflação: a resposta tende a ser expansionista, com cortes na Selic e estímulos ao crédito e consumo.
- Estagflação: o BC costuma priorizar o controle da inflação, mesmo com impactos negativos sobre o crescimento.
- Reflação: a autoridade monetária acompanha os estímulos com cautela, monitorando o momento certo de retirar incentivos para evitar distorções.
Efeitos diretos no dia a dia do cidadão
- Deflação: desemprego, queda de salários e maior dificuldade para pagar dívidas.
- Reflação: melhora inicial no consumo e emprego, mas risco de encarecimento do crédito se os estímulos forem excessivos.
- Estagflação: situação mais crítica, com inflação corroendo salários, menos vagas de trabalho e crédito caro e escasso.
 
			



 














