Após um período de queda, o preço do petróleo começa a se estabilizar no mercado internacional. De acordo com Marcelo Nantes, head de renda variável do ASA, essa estabilização ocorre após pressões para aumento da produção pela OPEP, influenciadas por interesses dos Estados Unidos em conter a inflação.
“Estávamos mais negativos com petróleo. Agora, estamos neutros, considerando que o preço deve permanecer onde está”, avaliou Nantes, durante entrevista à BM&C News.
Essa mudança de percepção reacende o interesse de investidores por empresas do setor. No entanto, ele faz uma ressalva sobre a Petrobras. Segundo o gestor, começam a surgir alertas sobre o nível de custo de produção, o volume de investimentos (capex) e o endividamento da empresa.
Endividamento volta a preocupar Petrobras e pode afetar dividendos
Marcelo Nantes chama atenção para um ponto que há anos não era pauta entre analistas: a dívida da Petrobras. “Já se começa a olhar com atenção o nível de endividamento da Petrobras. Isso pode afetar diretamente a distribuição de dividendos”, disse.
Segundo ele, caso a estatal continue com uma política agressiva de distribuição de lucros, o aumento da dívida pode comprometer a sustentabilidade financeira da companhia no médio prazo.
Além da Petrobras: outros papéis do setor e influência cambial
Apesar das incertezas com a Petrobras, o gestor destaca oportunidades em outras empresas do setor, como PetroRecôncavo, 3R Petroleum e Prio, que também se beneficiam do dólar mais forte.
No setor de minério de ferro, a preocupação é a atividade econômica da China. Dados de exportação recentes surpreenderam positivamente, mas a desaceleração estrutural ainda preocupa.
Já a celulose se destaca como um segmento mais atrativo. “O preço atual está muito próximo do custo marginal de produção. Inclusive, uma planta na Finlândia anunciou fechamento recente. Esse é um setor que gostamos mais”, concluiu Nantes.
