O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,36% em maio, segundo dados divulgados nesta terça-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador, considerado uma prévia da inflação oficial, mostrou desaceleração frente à alta de 0,43% registrada em abril.
Apesar da leve perda de força no índice mensal, os números acumulados seguem pressionados. A inflação soma 2,80% no ano e 5,40% em 12 meses, mantendo-se acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Alimentos seguem pressionando a inflação
O grupo alimentação e bebidas avançou 1,09% e foi o que mais impactou o índice do mês, com contribuição de 0,24 ponto percentual. A alimentação no domicílio desacelerou para 0,30%, puxada pelas quedas nos preços do tomate (-7,28%), arroz (-4,31%) e frutas (-1,64%). Por outro lado, produtos como batata-inglesa (+21,75%), cebola (+6,14%) e café moído (+4,82%) apresentaram altas expressivas.
A alimentação fora do domicílio também avançou, com destaque para os lanches (+0,84%), enquanto as refeições desaceleraram de 0,50% para 0,49%.
Energia elétrica e transportes são destaques na inflação
No grupo habitação (0,37%), os destaques foram a energia elétrica residencial, com alta de 1,68%, e o aumento na taxa de água e esgoto (+0,51%). Já em saúde e cuidados pessoais, os produtos farmacêuticos subiram 1,93%, refletindo o reajuste autorizado de até 5,09% nos preços dos medicamentos, em vigor desde 31 de março.
Por outro lado, o grupo de transportes (-0,29%) registrou queda, influenciado principalmente pela retração de 11,18% nas passagens aéreas. Os combustíveis também contribuíram com uma leve alta de 0,11%, com destaque para a gasolina (+0,14%) e o etanol (+0,54%), enquanto o óleo diesel (-1,53%) e o gás veicular (-0,96%) caíram.
O grupo artigos de residência apresentou recuo de 0,07%, mas com impacto neutro no índice geral (0,00 p.p.).
Inflação surpreende positivamente, mas cenário segue desafiador
Para Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, o IPCA-15 de maio trouxe um alívio importante na composição da inflação, com surpresas positivas espalhadas entre alimentação, bens industriais e serviços subjacentes. Segundo ele, houve aceleração menor que o previsto na alimentação no domicílio, refletindo sazonalidade favorável e acomodação de choques anteriores em itens in natura, como hortifrútis.
O núcleo de inflação também veio abaixo do esperado, com variação média de 0,40% frente à estimativa de 0,50%. Ainda assim, Barbosa ressalta que a inflação acumulada em 12 meses segue pressionada e bem acima da meta do Banco Central, e que os fundamentos continuam esticados — com desemprego baixo, massa de rendimentos em alta e atividade econômica aquecida. “É um dado positivo, uma luz no fim do túnel, mas é um quadro de inflação ainda muito pressionado em função dos seus fundamentos pressionados. Seguimos com projeção de 5,40% para 2025 e riscos simétricos para o cenário inflacionário“, conclui.
Inflação no radar: cenário ainda demanda cautela
Para Leonardo Costa, economista do ASA, o IPCA-15 de maio apresentou o balanço qualitativo mais benigno do ano, com destaque para a desaceleração dos núcleos de serviços e bens, especialmente nos itens de alimentação e aluguel. Costa pondera que o patamar ainda elevado dos núcleos, com média móvel em 3 meses em torno de 7,4%, segue incompatível com o regime de metas do Banco Central, cujo teto é de 4,5%. Para o ASA, embora o dado seja positivo e represente um passo em direção ao centro da meta, o cenário ainda demanda cautela, e a expectativa é de que o Copom mantenha a Selic em 14,75% na reunião de junho.