Recentemente, duas organizações entraram com uma ação judicial visando restringir o acesso de beneficiários do Cadastro Único (CadÚnico) a sites de apostas online. A ação, movida pela Educafro e pelo Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Mônica Paião Trevisan, busca proteger grupos sociais vulneráveis, impedindo que verbas públicas destinadas ao combate à fome e à pobreza sejam desviadas para jogos de azar.
As entidades solicitam que as plataformas de apostas implementem, em até 90 dias, mecanismos que impeçam o cadastro e a participação de beneficiários do CadÚnico. Além disso, pedem que o governo federal compartilhe, em um prazo de 15 dias, uma base de dados com os CPFs dos beneficiários do programa Bolsa Família com os sites de apostas.
Qual é o impacto financeiro das apostas online entre beneficiários do Bolsa Família?
De acordo com dados apresentados na ação, os beneficiários do Bolsa Família teriam enviado cerca de R$ 3 bilhões para empresas de apostas. Esse montante é significativo, considerando que o programa atende quase 54 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade. O desvio de recursos destinados ao combate à fome e à pobreza para jogos de azar é uma preocupação central das entidades envolvidas na ação.

Quais são as medidas propostas para mitigar o problema?
Além da restrição de acesso, as entidades propõem que as plataformas de apostas incluam em suas campanhas publicitárias avisos sobre a impossibilidade de usar recursos de programas sociais para apostas. Também sugerem alertas sobre os riscos sociais, econômicos e psicológicos associados ao jogo. Em caso de descumprimento, a ação prevê uma multa de R$ 500 milhões, que seria revertida para auxiliar famílias em situação de vulnerabilidade.
Como as empresas de apostas e o governo estão envolvidos na ação?
A ação judicial tem como alvos a União, as empresas de apostas e o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), que representa grande parte dos sites de apostas. As entidades argumentam que a colaboração entre o governo e as plataformas de apostas é essencial para garantir que os recursos públicos sejam utilizados de forma adequada e que os beneficiários do CadÚnico sejam protegidos dos riscos associados ao jogo.
O debate sobre a regulamentação das apostas online e a proteção dos grupos vulneráveis continua a ser um tema relevante, especialmente em um contexto onde o acesso fácil à internet e a publicidade agressiva podem influenciar negativamente as decisões financeiras de indivíduos em situação de vulnerabilidade.