A ideia de que o barril do petróleo Brent encontrará um piso firme em torno dos US$ 60 não é consenso entre analistas. Para Fábio Fares, especialista em análise macro, o cenário de desaceleração econômica global pode empurrar os preços da commodity ainda mais para baixo nos próximos meses, mesmo diante da disciplina da OPEP+.
“Não acredito que US$ 60 seja o piso. Com a desaceleração econômica já em curso, commodities como petróleo e minério tendem a perder força”, afirmou Fares em entrevista à BM&C News.
Apesar dos esforços da OPEP+ em conter a produção para sustentar os preços, o especialista pondera que o movimento tem efeitos momentâneos, especialmente se novos acordos geopolíticos entrarem em cena. Um exemplo citado é o possível acordo entre Irã e Estados Unidos para interromper o programa nuclear, o que pode aliviar tensões regionais e contribuir para uma maior oferta no mercado.
Desaceleração global pode derrubar preços do petróleo ainda mais
Na visão de Fares, a manutenção dos juros elevados por mais tempo, especialmente nos Estados Unidos, tende a limitar o crescimento global. Essa contenção do crescimento, segundo ele, afeta diretamente a demanda por energia, o que pressiona os preços para baixo.
“Com crescimento estagnado e sem uma perspectiva clara de retomada forte nas economias desenvolvidas, vejo espaço para o Brent recuar para a casa dos US$ 50 no curto ou médio prazo”, explicou.
Fares ainda destacou que o FMI já vem revisando para baixo as projeções de crescimento de regiões como zona do euro e Estados Unidos, o que reforça o cenário de menor demanda por petróleo.
Petróleo e o efeito sobre inflação e política monetária
Um barril de petróleo mais barato tende a ter efeitos positivos sobre a inflação global, especialmente em economias importadoras de energia. Nos Estados Unidos, por exemplo, a queda no preço do Brent pode ser um fator decisivo para acelerar a convergência inflacionária, oferecendo mais espaço ao Federal Reserve para considerar cortes de juros no futuro.
“É o cenário ideal para que a inflação americana volte ao seu patamar-alvo”, conclui Fares.
