O Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados, ou PROPD, é uma iniciativa governamental brasileira que busca oferecer aos estados uma forma mais sustentável de gerenciar suas dívidas com a União. A partir de 2025, os estados e o Distrito Federal têm a oportunidade de participar deste programa, que visa facilitar o pagamento das dívidas estaduais por meio de condições mais favoráveis, como descontos em juros e prazos de financiamento estendidos.
Em contrapartida, os estados que aderirem ao PROPD devem contribuir para o Fundo de Equalização Federativa (FEF). Este fundo é projetado para apoiar investimentos em setores essenciais, como educação, segurança pública, saneamento e habitação, promovendo um desenvolvimento mais equilibrado entre as regiões.
Funcionamento do Fundo de Equalização Federativa
O Fundo de Equalização Federativa (FEF) desempenha um papel central no PROPD, garantindo que os recursos sejam distribuídos de maneira justa entre os estados. A distribuição dos recursos do FEF é feita com base em dois critérios principais: 20% são alocados de acordo com o inverso da dívida estadual, beneficiando estados menos endividados, enquanto os 80% restantes seguem os critérios do Fundo de Participação dos Estados (FPE), que considera a arrecadação de impostos federais.
A quantidade de recursos que o FEF poderá mobilizar ainda não está totalmente definida, pois depende da adesão dos estados ao PROPD. No entanto, a expectativa é que estados com menores dívidas e bom histórico de pagamento sejam recompensados com mais investimentos em infraestrutura e serviços públicos.
Vantagens para os Estados Participantes
Os estados que optarem por participar do PROPD terão a possibilidade de reduzir suas dívidas oferecendo ativos à União, como empresas estatais, royalties de petróleo e imóveis. Isso permite que os estados diminuam suas obrigações financeiras e, ao mesmo tempo, tenham mais liberdade para investir em áreas prioritárias.
Além disso, o programa prevê que os estados possam aumentar seus investimentos anuais em cerca de R$ 20 bilhões, sem comprometer o equilíbrio fiscal. Isso é possível porque, em troca do aumento dos investimentos, os limites de crédito que os estados podem obter no sistema financeiro serão ajustados, evitando um impacto negativo nas contas públicas.
Impactos do PROPD nas Finanças Federais
Para o governo federal, o PROPD implica em uma redução na receita de juros das dívidas estaduais, estimada entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões por ano. No entanto, esse impacto não deve afetar o resultado primário das contas federais, que é calculado sem considerar os juros da dívida pública. O impacto será mais visível nas operações financeiras que influenciam a dívida pública líquida.

Em situações onde os estados oferecem à União participação em empresas estatais para amortizar suas dívidas, pode haver um impacto residual no resultado primário, pois o governo federal passará a assumir os lucros e prejuízos dessas empresas.
Desafios e Controvérsias do PROPD
Apesar de suas intenções positivas, o PROPD enfrenta desafios e controvérsias. Alguns governadores expressaram descontentamento com vetos presidenciais a partes específicas da legislação que regulamenta o programa. Um ponto de discórdia é a exclusão da possibilidade de usar recursos do futuro Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR) para abater dívidas com a União.
O FNDR, que foi criado como parte da reforma tributária, tem o objetivo de reduzir desigualdades regionais, e sua utilização para abater dívidas pode comprometer essa finalidade. Apesar das pressões para reverter os vetos, o governo federal mantém sua posição, afirmando que o projeto foi amplamente discutido e acordado entre as partes envolvidas.