À medida que as eleições americanas de 2024 se aproximam, o mercado financeiro analisa os impactos de uma possível vitória de Donald Trump ou Kamala Harris sobre o comportamento do dólar e setores específicos de investimento. Marco Saravalle, estrategista-chefe da MSX Invest, afirma que o mercado está focado no cenário cambial, especialmente no efeito de uma eventual valorização do dólar em relação a outras moedas, como o real.
Impacto de uma vitória de Trump: valorização do dólar e exportadoras em alta
Saravalle destaca que uma vitória de Trump pode impulsionar o dólar, o que tende a valorizar ativos dolarizados e pressionar moedas emergentes como o real. “Com Trump, o dólar se valorizou em sua gestão anterior, e temos visto essa tendência no curto prazo”, explica. Esse fortalecimento beneficia investimentos dolarizados, como o S&P 500 e até ativos tradicionais de proteção como o ouro.
No Brasil, empresas com forte perfil exportador se destacam como potenciais beneficiárias. “A Suzano, que possui grande parte de sua receita atrelada à exportação e é sensível ao câmbio, tende a se valorizar em um cenário de dólar mais forte”, comenta Saravalle. Além disso, o protecionismo típico de Trump pode trazer novas oportunidades para indústrias americanas locais, incluindo o setor de defesa, favorecendo ações de empresas ligadas à produção militar nos EUA.
Cenário com Kamala Harris: estabilidade cambial e setores domésticos em alta
Se Kamala Harris vencer, o impacto esperado sobre o dólar pode ser menor, o que abriria uma perspectiva mais favorável para o mercado local. De acordo com Saravalle, “um dólar mais estável ou até desvalorizado pode beneficiar setores voltados ao consumo, varejo e serviços, que têm maior dependência da economia local.”
A relação econômica entre Brasil e Estados Unidos também deve ganhar um novo tom com Harris. “Com uma possível aproximação comercial entre os países, ações ligadas à economia interna poderiam performar melhor”, avalia o especialista, reforçando que, nesse cenário, o câmbio mais estável favorecerá setores menos impactados pelas variações da moeda americana.
Setores em foco nos EUA: defesa e manufatura
Saravalle aponta que, com Trump, o discurso protecionista tende a ser mais forte, promovendo a produção local e beneficiando setores como a defesa. “O governo Trump pode aumentar os gastos com defesa, o que favoreceria a indústria armamentista americana”, explica. No caso de Harris, esses investimentos no setor de defesa podem ser menos expressivos, redirecionando recursos para áreas como tecnologia e energias renováveis.
Influência sobre commodities e setores de Base no Brasil
As variações no crescimento econômico americano também refletem sobre commodities globais, como petróleo, minério de ferro e siderurgia, afetando diretamente ações brasileiras desses setores. “O impacto do câmbio nos próximos três a seis meses pode ser decisivo, e a valorização ou desvalorização do dólar será um fator crucial para definir o desempenho dessas ações”, conclui Saravalle.
Resumo: Um Olhar Estratégico para as Eleições Americanas
Para investidores, entender o efeito da política cambial e as particularidades de cada candidato se torna essencial. Com Trump, ativos dolarizados e exportadoras brasileiras, como Suzano, tendem a se valorizar. Já com Harris, ações voltadas à economia doméstica e o consumo podem ter um desempenho mais robusto. Nesse cenário de incerteza, o mercado continua atento aos desdobramentos e ajusta suas expectativas de acordo com as movimentações cambiais e o potencial crescimento econômico americano.
