A corrida presidencial nos Estados Unidos entrou em sua reta final com um cenário inédito, Kamala Harris e Donald Trump estão numericamente empatados pela primeira vez. Ambos somam 48% das intenções de voto, de acordo com pesquisa divulgada nesta sexta-feira (25) pelo The New York Times/Siena College.
Com a eleição marcada para o dia 5 de novembro, o resultado reflete um eleitorado polarizado e paralisado. A campanha democrata considera o empate preocupante, já que historicamente os democratas lideram nas pesquisas ao longo da corrida eleitoral, mesmo que o resultado final nas urnas favoreça os republicanos.
Disputa acirrada nos estados decisivos
As campanhas dos dois candidatos estão concentradas nos estados-chave que devem definir a eleição. Entre eles estão Michigan, Pensilvânia, Wisconsin, Carolina do Norte, Arizona, Geórgia e Nevada. Apesar da expectativa de que Kamala consolidasse uma vantagem nessas regiões, a pesquisa aponta um equilíbrio contínuo. Ambos os candidatos intensificaram suas campanhas nas últimas semanas. Trump participou de eventos em estados decisivos, como uma aparição em um McDonald’s na Pensilvânia. Já Kamala apostou na presença de artistas e celebridades, contando com o apoio do ex-presidente Barack Obama, que cantou Eminem durante um comício em Detroit, Michigan, para engajar os eleitores.
Análise do especialista: riscos fiscais e impacto no mercado
Fabio Fares, especialista em análise macro, alerta que a perspectiva de vitória de qualquer um dos dois candidatos preocupa o mercado financeiro, devido à concentração de poder. “O grande medo do mercado é que qualquer um dos dois que ganhe tenha maioria no Congresso, porque isso facilita a aprovação de leis”, afirma. Segundo Fares, o risco fiscal está presente tanto no plano de Trump quanto no de Kamala: “Trump foca em reduzir impostos e incentivar o crescimento econômico, mas isso implica em renúncia de receita e eleva o custo fiscal. Kamala propõe aumentar o tamanho do Estado, ampliando benefícios, o que gera um aumento significativo nos gastos públicos.” comentou o especialista. “O ideal para o mercado é que o presidente tenha divergências com o Congresso, porque isso exige mais debate e negociação. Por exemplo, seria favorável ter Trump na presidência, mas com uma maioria democrata na Câmara. Assim, o Senado republicano e a Câmara democrata gerariam um equilíbrio”, acrescentou Fares. O especialista destacou ainda que o mercado teme o impacto de uma recuperação global sobre a inflação, com commodities subindo e a dívida dos Estados Unidos aumentando. “Estamos observando cortes nas taxas de juros ao redor do mundo, mas, se a inflação disparar, os EUA podem enfrentar uma situação similar à década de 80, com juros altos, como no período do Paul Volcker”, conclui Fares.