Nesta terça-feira (15), a economista Ariane Benedito abordou, em participação do programa BM&C News, as medidas de contenção de gastos que o Ministério da Fazenda planeja anunciar até dezembro. A expectativa do mercado em torno dessas medidas, que visam acalmar os investidores, gerou um movimento positivo nas bolsas e uma leve queda nos juros futuros.
No entanto, Benedito destacou que essas propostas enfrentam forte resistência política, principalmente em relação a possíveis cortes em benefícios sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Apesar de o presidente Lula se opor a cortes nesses programas, Ariane explicou que a equipe econômica pode estar utilizando tais temas como “bodes expiatórios” para sinalizar austeridade ao mercado, mesmo sabendo da dificuldade de aprovação no Congresso. “A oposição política a essas medidas é grande, especialmente pelo impacto que têm na base de apoio do governo”, afirmou a economista.
Na semana passada, o mercado reagiu negativamente a falas do presidente Lula, que sugeriu uma expansão de gastos, em desacordo com a tentativa do Ministério da Fazenda de controlar o déficit fiscal. Para acalmar os ânimos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou o compromisso com a responsabilidade fiscal, mas, segundo Benedito, a realidade política dificulta o avanço dessas pautas.
Alex André, economista da MSX Invest, que também participou do programa, questionou a precificação do mercado diante dessas medidas. Segundo Ariane, a incerteza sobre a consolidação das políticas fiscais impede que o mercado precifique de forma mais estável. “Ainda estamos longe de ver uma precificação mais otimista em relação ao fiscal”, concluiu.
Além disso, fatores externos, como o feriado nos EUA e a queda nos “treasuries”, também influenciaram positivamente o mercado brasileiro, mas o cenário interno ainda carece de clareza quanto às políticas de arrecadação e controle de gastos.
As próximas semanas serão decisivas para entender como o governo equilibrará as demandas fiscais e sociais, mas a expectativa de Ariane Benedito é que o foco continue voltado para o aumento da arrecadação, com possíveis adiamentos na discussão sobre cortes de gastos em programas sociais.