Na tentativa de inovar no tratamento de saúde pública, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou sua intenção de incorporar um genérico do Ozempic na rede pública da cidade. A afirmação, feita em tom de humor, veio acompanhada da promessa de transformar o Rio em uma cidade sem “gordinhos”. Contudo, essa declaração não passou despercebida e gerou debate entre profissionais de saúde e a população.
O plano de Paes está alinhado com a expectativa de que a patente do Ozempic, que utiliza semaglutida como princípio ativo, cairá em breve. Isso abriria caminho para que genéricos do medicamento sejam produzidos, oferecendo alternativas mais acessíveis à população. Com a obesidade se tornando uma questão de saúde pública cada vez mais alarmante, esse movimento pode ser um marco na luta contra o sobrepeso.

Qual a ação do ozempic?
O Ozempic contém a substância ativa semaglutida, um análogo do hormônio GLP-1. Esse hormônio desempenha um papel crucial na regulação do apetite, na produção de insulina e no esvaziamento gástrico.
Ação do Ozempic no organismo:
- Redução do apetite: Ao mimetizar a ação do GLP-1, o Ozempic promove uma sensação de saciedade mais prolongada, reduzindo a ingestão de alimentos.
- Regulação da glicose: O medicamento auxilia na produção de insulina, hormônio responsável por controlar os níveis de açúcar no sangue.
- Retardamento do esvaziamento gástrico: O Ozempic faz com que o estômago se esvazie mais lentamente, proporcionando uma sensação de saciedade por mais tempo.
Como o ozempic age no combate à obesidade?
- Perda de peso significativa: Estudos clínicos demonstraram que o Ozempic pode levar a uma perda de peso considerável, especialmente quando combinado com mudanças no estilo de vida, como dieta equilibrada e atividade física regular.
- Melhora de comorbidades: A obesidade está associada a diversas doenças, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares. O Ozempic pode ajudar a controlar essas condições e reduzir o risco de complicações.
Obesidade no Brasil
A declaração do prefeito também trouxe à tona o debate sobre a obesidade no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a obesidade é uma epidemia global, e a situação deve piorar até 2035, quando mais de 40% dos brasileiros poderão estar obesos. Essa condição não só afeta a qualidade de vida como está ligada a diversas doenças crônicas, o que reforça a necessidade de intervenções eficazes.
Cynthia Valerio, endocrinologista e diretora da Abeso, reforça que o tratamento medicamentoso deve estar integrado a um plano que envolva diferentes áreas de cuidado, pois sozinho, o medicamento não resolve o problema da obesidade.
Como o genérico do Ozempic poderia ser integrado ao SUS?
Embora o Ozempic ainda não esteja incluído na lista de medicamentos do SUS, a possibilidade de os governos locais decidirem pela sua incorporação existe. Tal medida, no entanto, exigiria um pedido formal e avaliação pela Conitec, a comissão responsável por recomendar novos medicamentos para o SUS.
- A incorporação passaria por um processo de avaliação de custo-benefício.
- Prefeituras poderiam optar por adicioná-lo em suas redes públicas.
- Seria essencial um plano de manejo multiprofissional para acompanhar o uso do medicamento.
Se bem planejada e executada, a incorporação do genérico do Ozempic pode ser uma peça-chave na batalha contra a obesidade, prometendo não só atender mais pessoas, mas também melhorar a saúde pública como um todo no Rio de Janeiro.
Para mais informações:
VEJA Saúde: https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-o-ozempic#google_vignette
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