Recentemente, uma notícia trouxe esperança para aqueles que lidam com a doença de Alzheimer. Uma nova tecnologia de exames de sangue promete detectar a doença de forma segura e precoce. No entanto, especialistas alertam sobre a precisão desses testes.
A Dra. Suzanne Schindler, professora associada de neurologia na Universidade de Washington, destacou que a precisão desses exames varia. “Alguns dos exames de sangue são precisos e outros não, e os médicos não sabem quais testes usar”, explicou Schindler.

Como se deu o estudo?
Historicamente, a triagem para Alzheimer envolvia métodos invasivos e caros, como punção lombar ou tomografia cerebral. Esses métodos detectam biomarcadores, como placas amiloides e proteína tau anormal, que obstruem o cérebro. Schindler liderou um estudo envolvendo 392 pessoas, em sua maioria de cerca de 80 anos, comparando a precisão de seis exames de sangue comerciais.
Cada teste mediu níveis sanguíneos de biomarcadores de Alzheimer, como placas amiloides, proteína tau anormal e comprometimento cognitivo. Um biomarcador, tau fosforilada 217 (p-tau217), mostrou-se excepcionalmente preciso na identificação de sinais de Alzheimer. Essa proteína, quando presente em níveis elevados no sangue, indica alterações cerebrais características dessa doença neurodegenerativa.
Qual a Importância destes biomarcadores na detecção do Alzheimer?
Os biomarcadores como p-tau217 são cruciais para o diagnóstico preciso do Alzheimer. Eles indicam o acúmulo de proteínas anormais no cérebro, uma característica fundamental da doença. Segundo Kellen Petersen, instrutora de neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Washington, este biomarcador sozinho pode prever os níveis de amiloide e tau no cérebro, volumes cerebrais e sintomas cognitivos.
Por que o Ptau 217 é tão importante?
- Detecção precoce: Um dos maiores desafios no tratamento do Alzheimer é o diagnóstico precoce. O Ptau 217 pode identificar a doença em estágios iniciais, antes mesmo do aparecimento dos sintomas mais evidentes, como perda de memória e dificuldades de linguagem.
- Maior precisão: Os métodos tradicionais de diagnóstico do Alzheimer, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, podem não ser tão precisos quanto a detecção do Ptau 217. Essa proteína oferece um marcador biológico mais específico da doença.
- Menor invasividade: Ao contrário da punção lombar, um exame invasivo utilizado para analisar o líquido cefalorraquidiano, a coleta de sangue para a dosagem do Ptau 217 é um procedimento simples e menos desconfortável para o paciente.
- Possibilidade de acompanhamento da progressão da doença: A dosagem regular do Ptau 217 pode ajudar a monitorar a progressão da doença e a resposta ao tratamento.
Quais são os medicamentos aprovados para Alzheimer?
Até o momento, o FDA aprovou apenas dois medicamentos para a doença de Alzheimer: Leqembi e Kisunla. Ambos foram demonstrados retardar modestamente o agravamento dos sintomas ao atingir e remover placas amiloides no cérebro. Esses medicamentos funcionam apenas nos estágios iniciais da doença, tornando a detecção precoce crucial para um tratamento eficaz.
É importante ressaltar que:
- O Ptau 217 não é o único biomarcador: Outros biomarcadores, como a beta-amiloide, também são importantes para o diagnóstico do Alzheimer.
- O diagnóstico do Alzheimer é complexo: O diagnóstico definitivo do Alzheimer ainda requer uma avaliação clínica completa, incluindo anamnese, exame físico e neuropsicológico.
- Mais pesquisas são necessárias: Embora promissor, o uso do Ptau 217 como biomarcador ainda está em fase de desenvolvimento e mais estudos são necessários para confirmar sua eficácia e estabelecer diretrizes para sua utilização na prática clínica.