Nesta segunda-feira (11), as ações da Vale (VALE3) são destaque de queda para o Ibovespa, já que o desempenho dos ativos da mineradora ancoram o principal índice da B3, que também opera no vermelho. A empresa está sob observação dos investidores, após recentes discussões a respeito do CEO da empresa.
Isso porque, o Governo Federal não mediu esforços para o ex-ministro Guido Mantega assumisse como CEO, porém, a empresa, na sexta-feira (8) , estendeu o contrato do Eduardo Bartolomeu para final de 2024, ele deixar o cargo de CEO, mas, ao mesmo tempo, em 2025, ele será um consultor ainda da empresa. Essas movimentações preocuparam o mercado a respeito de muitas interferências do estado na companhia.
Além disso, segundo os cálculos de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, publicados hoje, a mineradora Vale já perdeu R$ 48,3 bilhões em valor de mercado desde o início de 2024. Tudo isso somado à queda do minério de ferro, não só levou à queda de VALE3, como acendeu uma preocupação no mercado e levantou uma dúvida: o que está acontecendo com a Vale?
O ‘calcanhar de aquiles’ da Vale

Segundo a análise de Felipe Argemi é Sócio-Fundador da Santis, com experiência de mais de 15 anos em M&A e Finanças Corporativas, a Vale está sim sofrendo pressão do governo pela indicação de um nome alinhado com suas visões, o que gerou uma insegurança no mercado.
“A decisão do conselho de estender o mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, até o final do ano de 2024, dá um alívio mas não afasta a insegurança de quem será o novo CEO a partir de 2024. Como o valor de qualquer empresa depende de seu resultado futuro, essa incerteza impacta negativamente no preço das ações”, explicou o especialista.
Além de Argemi, a BM&C News também conversou com Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital. Para ele, além do governo, outro ponto que também ainda dá um certo desconforto no mercado é a questão de Brumadinho.
“Ainda tem algumas ações que estão ocorrendo em que a Vale pode ser bastante penalizada com multas. Então, basicamente, são esses três fatores, cada um elencando as suas dificuldades. A principal é a cotação do minério, a segunda, de certa forma, é essa interferência, ou possível interferência política e a terceira, literalmente, essas questões judiciais ainda do desastre de Brumadinho”, explica o sócio da GT Capital.
Vale a pena comprar VALE3?
Mesmo dentro do contexto apresentado acima, Dierson Richetti acredita que a companhia continua sendo a melhor em seu setor e explica que o preço de suas ações está barato, dando margem para valorização dos ativos.
“A empresa é uma das maiores produtoras de minério do mundo. E não só isso, além de ela ser uma das maiores produtoras, o minério que ela produz e que ela extrai tem altíssima pureza, então tem um valor agregado no mercado muito grande. Além disso, se comparar com seus pares mundiais, a Vale ainda está muito mais barata do que esses seus pares”, diz o especialista.
“Se provavelmente o minério não estivesse caindo hoje de forma tão brusca, provavelmente a Vale poderia até apresentar uma cotação positiva. Pelo que se desenhou e foi publicado, a Vale (VALE3) irá buscar esse profissional, então ela ganha mais tempo para isso, e também, o Eduardo, em 2025, já está definido, já foi contratado como um consultor, em ele vai fazer toda a transição para esse novo CEO, que será contratado via mercado. A única inconsistência, ou uma certa insegurança é o quanto o governo vai pressionar, mas volto a reforçar que o Conselho da Vale tem competência exclusiva para decidir quem é o CEO, sem interferência política, em termos de poder, então isso é um ponto muito positivo”, finaliza.