O dólar mais fraco observado recentemente reacende o debate sobre as causas e as consequências desse movimento. Para Adriano Delfino, da Fami Capital, o déficit fiscal elevado dos Estados Unidos, somado às decisões do Federal Reserve (Fed) e à política comercial do país, forma um conjunto de fatores que pode moldar o futuro da moeda americana.
Segundo ele, o nível de endividamento e as pressões por estímulos econômicos afetam diretamente a percepção de risco e a confiança internacional, influenciando os fluxos de capital para outras economias, especialmente emergentes.
Como as tarifas comerciais afetam o déficit fiscal e o dólar?
Delfino explica que medidas protecionistas, como tarifas sobre importações, geram impactos que vão além do comércio. “Elas mexem com a competitividade das empresas, influenciam os preços internos e podem alterar as receitas do governo”, afirma. Esses efeitos combinados, segundo ele, podem contribuir para ampliar o déficit fiscal e gerar instabilidade no câmbio.
Em um ambiente de incerteza, investidores tendem a buscar alternativas mais estáveis, o que pressiona ainda mais o dólar e abre espaço para outras moedas ganharem força.
Qual é a pressão sobre o Fed?
Com o déficit em alta, aumenta a pressão para que o Fed adote uma política monetária mais flexível. “Se a economia der sinais de desaceleração, cortes de juros podem ser utilizados como ferramenta de estímulo, mas isso tende a enfraquecer o dólar”, observa Delfino.
Essa expectativa já influencia o mercado, levando investidores a reavaliar sua exposição à moeda americana e a buscar oportunidades em mercados emergentes e ativos descorrelacionados.
Por que o déficit fiscal preocupa investidores?
O aumento contínuo da dívida pública dos EUA é motivo de atenção global. “Um déficit fiscal elevado pode levantar dúvidas sobre a sustentabilidade financeira do país no longo prazo”, explica o especialista. Caso a percepção de risco aumente, pode haver fuga de capitais e queda no valor do dólar.
Essa preocupação se soma a outros fatores, como volatilidade geopolítica e ciclos de commodities, que também influenciam decisões de alocação de recursos.
Quais são as perspectivas para o dólar?
Para Delfino, o futuro do dólar dependerá do equilíbrio entre política fiscal, taxa de juros e confiança do investidor. “Se houver sinais de controle do déficit e estabilidade macroeconômica, a moeda pode se fortalecer. Mas, se o desequilíbrio persistir, veremos maior volatilidade”, avalia.
Nesse contexto, investidores devem monitorar atentamente dados fiscais, decisões do Fed e mudanças no comércio global.
Como se proteger em um cenário de déficit fiscal elevado?
Diversificação é a principal recomendação do especialista. “Ter exposição a diferentes moedas e ativos descorrelacionados pode reduzir riscos e proteger o portfólio”, sugere. Ele destaca ainda que, em momentos de incerteza, a flexibilidade na estratégia de investimentos é fundamental.
“O déficit fiscal continuará sendo um fator relevante nas decisões de alocação global. Quem se preparar e acompanhar de perto terá mais chances de se posicionar de forma vantajosa”, conclui Delfino.
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