Nos últimos anos, o papel das inteligências artificiais (IA) na distribuição de informações tornou-se um tema de intenso debate. Um estudo recente da Pew Research nos Estados Unidos revelou que os usuários geralmente clicam apenas uma vez a cada cem em links abaixo de resumos gerados por IA. Essa descoberta sugere uma menor propensão dos usuários a explorar conteúdos adicionais quando um resumo do tema é já apresentado diretamente nos resultados de busca.
A pesquisa, realizada em março de 2025, abrangeu 900 adultos nos EUA e analisou 69 mil buscas, destacando um comportamento que pode impactar significativamente o tráfego na internet. Entretanto, o Google, um dos principais motores de busca envolvidos, discorda dessa visão. Um porta-voz da empresa afirmou que os estudos apresentados são imprecisos e baseados em premissas falsas, insistindo que suas ferramentas possibilitam múltiplas perguntas, criando novas oportunidades para sites serem descobertos. A gigante da tecnologia defende que envia bilhões de cliques para sites diariamente, não observando nenhuma queda significativa no tráfego direcionado.
Quais são os desafios enfrentados pelos sites de notícias?
O impacto imediato dessa dinâmica foi sentido por várias publicações de notícias, como demonstrado no caso do tabloide britânico Daily Mail. De acordo com Carly Steven, executiva do jornal, houve uma redução drástica no tráfego, com uma queda de 56% no desktop e 48,2% em celulares, conforme reportado pelo jornal britânico Guardian. Essa diminuição tem sido atribuída ao modo como os resumos automáticos por IA fornecem informações previamente, resultando em menos cliques nos conteúdos originais dos sites.
Rosa Curling, diretora da organização Foxglove, expressou sua preocupação em uma entrevista ao The Guardian, destacando que o Google não apenas utiliza o trabalho realizado por jornalistas, mas também se beneficia financeiramente ao integrar essas informações em suas ferramentas. Isso, afirma Curling, torna mais difícil para os sites alcançarem leitores, enfraquecendo o suporte ao jornalismo de qualidade.
O que dizem os críticos acerca do lucro das grandes plataformas?

O debate se intensifica com declarações de Owen Meredith, diretor-executivo da News Media Association do Reino Unido, que acusa o Google de lucrar com os conteúdos criados por outros. Ele argumenta que a empresa estrategicamente mantém os usuários em sua plataforma para monetizar com os conteúdos alheios. Meredith alerta que essa estratégia poderia resultar em uma queda na qualidade das informações disponíveis online, caso as plataformas continuem a priorizar seus interesses comerciais sobre o conteúdo original dos jornalistas.
Essas práticas são sustentáveis a longo prazo?
A questão que surge é se essa abordagem é sustentável no longo prazo para os produtores de conteúdo. Com a ascensão das tecnologias digitais e metodologias baseadas em IA, plataformas como o Google precisam encontrar um equilíbrio entre otimizar a experiência do usuário e garantir que os detentores de conteúdo recebam o devido reconhecimento e retorno pelo seu trabalho. Avançar nessa direção é crucial para assegurar um ecossistema digital onde tanto as plataformas quanto os criadores de conteúdo possam prosperar de forma justa.
Em síntese, a relação entre gigantes da tecnologia e os veículos de notícias continua a evoluir, e encontrar um meio-termo que beneficie todas as partes envolvidas será um desafio que persistirá nos próximos anos.