O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou que mais de um milhão de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apresentaram indícios de irregularidades em dezembro de 2023. A análise minuciosa do TCU revelou dados que evidenciam desafios estruturais no controle de pagamentos e na fiscalização dos recursos públicos destinados à Previdência Social.
Entre os problemas apontados, destaca-se o número expressivo de benefícios suspeitos em vários estados do país. Especialistas em administração pública ressaltam que eventuais falhas nos sistemas ou na revisão periódica desses benefícios ampliam o risco de prejuízo ao erário. O relatório indicou ainda que o INSS terá o prazo de 180 dias para adotar providências e solucionar as inconsistências encontradas.
Quais irregularidades foram identificadas pelo TCU no INSS?
O relatório do TCU evidencia diferentes tipos de pagamentos indevidos que ocorreram ao longo de 2023. Entre os casos mais recorrentes, foram encontrados:
- Acumulação irregular de benefícios, envolvendo 22.907 casos em um curto período.
- Pagamentos a titulares com situação cadastral irregular, entre eles mais de 12 mil pessoas com CPF cancelado ou nulo.
- Concessão de benefícios para pessoas com indícios de falecimento, correspondendo a ao menos 3.902 registros suspeitos.
- Pensões por morte com valores que ultrapassam o teto estabelecido pela legislação, abrangendo 763 casos identificados.
A soma desses fatores caracteriza uma fragilidade nos mecanismos de controle e auditoria internos. O TCU ressaltou que, além desses pontos, existem benefícios pagos sob regras especiais, cujas informações estão defasadas ou incompletas, dificultando ainda mais a fiscalização eficiente.
Como o INSS deve agir diante dos pagamentos indevidos identificados?
Diante das recomendações do Tribunal de Contas da União, o Instituto Nacional do Seguro Social precisa executar ações robustas para corrigir e prevenir novas irregularidades. Uma das principais medidas indicadas é a revisão detalhada dos benefícios listados como suspeitos. O INSS terá que realizar uma análise criteriosa do custo-benefício antes de cada revisão, considerando os recursos envolvidos e o impacto sobre os beneficiários.
- Revisar e atualizar o cadastro dos beneficiários, eliminando inconsistências e registros obsoletos.
- Criar mecanismos automatizados para identificar potenciais situações de acúmulo indevido.
- Estabelecer auditorias periódicas, com foco em benefícios concedidos há muitos anos sem reavaliação.
- Fortalecer a integração de sistemas entre diferentes órgãos federais para cotejo de informações.
- Ampliar a transparência dos processos de concessão e revisão de benefícios, facilitando o acesso a dados públicos atualizados.
Essas ações, segundo o relatório, são essenciais para mitigar perdas financeiras e resgatar a confiança na gestão dos recursos previdenciários.
Por que os sistemas do INSS enfrentam dificuldades para coibir fraudes?
Muitos dos obstáculos encontrados pelo INSS na detecção de irregularidades decorrem de limitações tecnológicas e processos administrativos. A ausência de integração eficiente entre os sistemas de diferentes órgãos públicos dificulta a verificação cruzada de informações. Ainda, a defasagem de dados nos cadastros dificulta o monitoramento atualizado dos beneficiários.
Algumas causas principais para essas dificuldades são:
- Sistemas legados, que dificultam a implementação de controles modernos;
- Falta de atualização das matrizes de regras para concessão de benefícios;
- Carência de revisões periódicas em benefícios antigos, permitindo a persistência de pagamentos irregulares;
- Dificuldade em identificar documentos falsos ou cadastros cancelados, como no caso dos CPFs irregulares.
Esses fatores contribuem para que possíveis fraudes passem despercebidas por longos períodos, comprometendo a eficiência da administração pública e a proteção do patrimônio público.

Desafios e perspectivas para aprimorar a gestão do INSS
Com a ordem do TCU para que o INSS apresente resultados concretos em até 180 dias, o debate sobre a necessidade de modernização dos sistemas de fiscalização ganha relevância. Investimentos em tecnologia, capacitação de equipes e atualização constante de bancos de dados surgem como alternativas para aprimorar a gestão dos benefícios previdenciários.
O direcionamento do TCU, em 2025, sinaliza um esforço institucional para fortalecer os mecanismos de controle interno e ampliar a efetividade na utilização dos recursos públicos. O acompanhamento contínuo das ações corretivas determinadas contribuirá para a redução de pagamentos indevidos e o aperfeiçoamento da política previdenciária nacional.