O mercado de trabalho formal no Brasil apresentou mudanças significativas em 2024, especialmente no que diz respeito à inclusão de beneficiários de programas sociais. Dados recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam que a maior parte das vagas formais criadas no país foi ocupada por pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), demonstrando o impacto das políticas públicas voltadas para a promoção da formalização e da redução da desigualdade social.
O avanço da formalização entre beneficiários do Bolsa Família e de outros programas sociais tem sido impulsionado por medidas específicas, como a Regra de Proteção, que permite a manutenção parcial do benefício mesmo após a conquista de um emprego formal. Essa estratégia busca incentivar a transição para o mercado de trabalho sem que haja perda imediata da assistência, promovendo maior estabilidade para as famílias em situação de vulnerabilidade.
Como a Regra de Proteção do Bolsa Família influencia o emprego formal?
A Regra de Proteção do Bolsa Família foi um dos principais fatores para o aumento da formalização entre beneficiários do programa. Essa regra garante que, ao ingressar em um emprego com carteira assinada, o trabalhador continue recebendo metade do valor do benefício por até dois anos. Além disso, os complementos destinados a gestantes, crianças e adolescentes são mantidos durante esse período, ampliando a segurança financeira das famílias.
Em junho de 2025, mais de 3 milhões de famílias estavam amparadas por essa medida, o que evidencia sua abrangência. A partir de julho, ajustes foram implementados para priorizar famílias em situação de pobreza extrema e reduzir a fila de espera, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a efetividade do programa de transferência de renda.
Quais são os resultados das políticas de inclusão no mercado de trabalho?
O impacto das políticas de inclusão pode ser observado nos números do Caged: das 1,69 milhão de vagas formais criadas em 2024, cerca de 1,27 milhão foram preenchidas por beneficiários do Bolsa Família. Outros 395 mil postos foram ocupados por pessoas cadastradas no CadÚnico, mas que não recebem o benefício. Isso representa mais de 98% das vagas geradas no período, indicando a forte presença desse público no mercado formal.
Entre janeiro e abril de 2025, a tendência se manteve, com 75% das 920 mil vagas criadas sendo ocupadas por inscritos no CadÚnico, com destaque para a participação feminina. Esse resultado é atribuído à integração entre programas sociais, qualificação profissional e incentivos à formalização, além de políticas específicas para trabalhadores sazonais, como a consideração da média de renda dos últimos 12 meses para garantir maior estabilidade.

Como a formalização impacta a renda e a desigualdade social?
O crescimento da formalização entre famílias de baixa renda contribuiu para o aumento da renda do trabalho nesse grupo. Em 2024, a renda das famílias mais pobres cresceu 10,7%, um índice superior ao observado entre os 10% mais ricos, que tiveram aumento de 6,7%. Esse avanço foi fundamental para a redução da desigualdade social no país, com a renda do trabalho registrando crescimento médio de 7,1% no ano.
Estudos realizados por instituições como a FGV Social apontam que a combinação entre geração de empregos formais e a Regra de Proteção do Bolsa Família foi determinante para esse cenário. O fortalecimento da renda do trabalho, em comparação a outros componentes de renda, teve papel central na diminuição das disparidades sociais observadas em 2024.
Quais desafios permanecem para a inclusão produtiva?
Apesar dos avanços, ainda existem desafios a serem superados para garantir a inclusão produtiva de todos os beneficiários de programas sociais. Entre eles, destacam-se a necessidade de ampliar as oportunidades de qualificação profissional, combater o preconceito contra trabalhadores de baixa renda e aprimorar mecanismos de acompanhamento para assegurar a permanência dessas famílias no mercado formal.
- Capacitação contínua: investir em cursos e treinamentos para aumentar a empregabilidade.
- Combate à discriminação: promover campanhas e ações para reduzir o estigma associado aos beneficiários de programas sociais.
- Monitoramento de resultados: acompanhar o desempenho das políticas públicas para realizar ajustes quando necessário.
O cenário atual indica que as políticas de incentivo à formalização e de proteção social têm contribuído para a inclusão de milhões de brasileiros no mercado de trabalho formal. A continuidade e o aprimoramento dessas estratégias serão essenciais para consolidar os avanços e promover uma sociedade mais justa e igualitária.